A Medicina Oficial se abre para a questão Espiritual
A
questão da vida após a morte, a sobrevivência do espírito após a morte do corpo
biológico, sendo este a sede da emoção, da personalidade, da identidade de uma
pessoa na hipótese do continuum da vida, a comunicabilidade entre a dimensão
espiritual e o plano biológico nos estados de transe, na mediunidade, o
entendimento do cérebro como o transdutor da alma e não como foco produtor do
pensamento, são questões em aberto no território da Ciência.
A
visão materialista entende que a pessoa é o corpo biológico, portanto a vida
termina com a morte do corpo. Esta é uma hipótese que não foi comprovada pela
Ciência. Assim, tanto a visão espírita proposta por Allan Kardec, quanto à
visão organicista-materialista são hipóteses abertas à investigação pela
Ciência Oficial.
Afirmar
o materialismo como realidade existencial é hoje uma hipótese e não uma
confirmação cientifica. Um cientista que se diz materialista fala em nome
próprio e não em nome da Ciência. A Ciência Oficial está aberta à investigação
das hipóteses espíritas tanto quanto as hipóteses materialistas. Assim é que as
universidades americanas como a Universidade de Harvard (Mind-body Institut), a
Universidade de Virginia (Pesquisa sobre reencarnação), a Universidade do
Arizona (Laboratório de pesquisa sobre vida após a morte) www.veritas.arizona.edu
e por extensão as 50 maiores faculdades de medicina dos EUA incluem em seus
currículos de graduação e pós-graduação a Disciplina Medicina e
Espiritualidade, segundo JAMA - Journal of American Medical Association.
A
OMS _ Organização Mundial de Saúde, passa a admitir o sistema espiritual na
caracterização de saúde e qualidade de vida como observamos no protocolo do
WHOQOL-100 - www.ufrgs.br/psiq/whoqol1.html
- (domínio VI Aspectos espirituais, religião e crenças pessoais na tabela 2 –
Domínios e facetas do WHOQOL).
Também,
o CID-10, Código Internacional de Doenças, item F.44.3 - Estados de Transe e
Possessão - configura como diagnóstico médico e qualifica o transe patológico
(mediunidade/doença) quando o individuo não tem controle sobre o fenômeno,
ocorrendo de forma involuntária e não desejada. Mas não é considerada doença o
estado de transe (mediunidade/saúde) sob domínio da pessoa em seu contexto
cultural ou religioso - www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm.
O
DSM-IV, Casos Clínicos da Associação Americana de Psiquiatria, chega a ser mais
objetivo utilizando o termo “possessão por espíritos”, colocando que consiste
num transtorno dissociativo, com a ressalva de que “é o termo mais próximo
deste intrigante diagnóstico”, demonstrando objetivamente que o entendimento do
fenômeno ainda está em aberto - www.psych.org.
De
fato, o estado de transe é um estado dissociativo (conversão) podendo
configurar-se como Transtorno Dissociativo nos casos patológicos
(mediunidade/doença) porque a interferência espiritual naturalmente provoca
dissociação da mente. Portanto, considerar o estado de transe como transtorno
dissociativo ou conversivo não exclui a hipótese de que seja um fenômeno
espirítico.
Os
estados conversivos ou dissociativos foram amplamente estudados no Hospital
Salpêtrière de Paris, na escola do Prof. Charcot, onde Freud estudou. Em seus
estudos alguns pesquisadores abordaram a hipótese espirítica (Mediunidade) como
entendimento etiológico dos estados conversivos. Um deles foi Carl Gustav Jung
que no segundo capítulo do primeiro volume de Obras Completas (Ed. Vozes)
estuda o médium espírita. Também na mesma escola os médicos Gustav Geley e
Albert Scherenck-Notzing abordaram formalmente a hipótese espírita como valida
em medicina (Scherenck-Notzing em Le Phenomene Physique de La Mediunite e
Gustav Geley em O Ser Subconsciente). Com isso, mesmo o termo Conversão
Histérica enquanto fórmula estritamente anímica, como proposto por Freud, não
foi e não é um consenso em medicina.
Como
médico participo da hipótese espírita dos estados de transe e possessão e
também no entendimento do sistema espiritual abordado pelo protocolo de
Qualidade de Vida da OMS, procurando pesquisar as possibilidades da hipótese
espiritual no processo de saúde e doença. Esta argumentação frente à abertura
que a Medicina Oficial está dando para o entendimento do sistema espiritual
permitiu que meu protocolo de pesquisa no estudo de 120 pacientes abordados
segundo a óptica bio-psico-socio-espiritual fosse aprovado oficialmente junto à
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e esta pesquisa já está
sendo desenvolvida.
Julgo
que a Medicina e a Ciência nas universidades precisam criar institutos e
departamentos com todos os recursos para pesquisa cientifica, a fim de estudar
a hipótese espiritual. É para este ideal que procuro contribuir para que esta
questão não fique pautada em cima de opiniões pessoais.
É
inequívoco que a Medicina e a Ciência estão abertas para esta hipótese.
Dr. Sergio Felipe de Oliveira - CRM 62.051
Sou médico formado pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Anatomista pelo Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo com área de concentração em
Neurociências e Neuroanatomia Ultraestrutural. Mestre em Ciências pela USP.
Coordeno a Disciplina Optativa Medicina e Espiritualidade da FMUSP enquadrada
no item práticas médicas para graduandos de medicina.
FONTE: http://www.uniespirito.com.br/artigos/medicina-oficial-se-abre-para-quest%C3%A3o-espiritual