domingo, 30 de dezembro de 2012

HIPNOSE


Cientistas comprovam a Hipnose


Por Saulo de Tarso

Agora é pra valer. Não é história de filme, a hipnose consegue paralisar membros do corpo humano. É o que afirmam pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça. No estudo feito com 12 voluntários e os resultados foram publicados na revista Neuron. Os cientistas criaram condições para analisar imagens do cérebro sendo hipnotizado. Durante estudos, cientista falou por diversas vezes ao paciente em "transe" que sua mão estava pesada e que ele não conseguiria levantá-la por mais que se esforçasse.
Depois, outro especialista solicita que o paciente levante a mão para pegar algo que está no alto. Mas o paciente não consegue, por mais que tente. Os cientistas disseram que nesse momento o córtex motor direito do paciente (responsável pelos movimentos humanos), era impedido pelo sincronismo dos precuneus. Essa ação impede que o córtex execute sua função ao fazer com que o paciente recorde as frases ouvidas durante a hipnotização.
O que os cientistas comprovaram, foi atestado por Allan Kardec há 150 anos e antes deste por Mesmer, que em 1765 escreveu um livro no qual abordava a influência dos astros entre si e em corpos vivos - Kardec cita esse fato em "A Gênese", Cap. 18, item 8 - Planetarum Influxos.
Em 1779 Mesmer escreveu sobre Magnetismo Animal, (1) a conclusão da sua tese de que o organismo animal pode emitir um fluido e curar. As teses foram combatidas em Viena e por isso Mesmer mudou-se para Paris onde foi bem recebida. O povo e o próprio rei Luiz XVI aceitaram, mas o Catedrático da Faculdade de Medicina julgou o tratamento perigoso e imoral, Mesmer foi então para a Inglaterra.

Cesare Lombroso, pesquisador e cientista italiano cita na obra "Espiritismo e Mediunidade" vários casos que merecem atenção. Uma outra obra mais recente e mais atualizada, a de Alberto de Souza Rocha, "Espiritismo e Psiquismo", lançado em 1993, que comprova a parte científica da doutrina espírita.
Ainda dentro da literatura espírita, no livro "Libertação", de André Luiz, um processo de licantropia (2) através do hipnotismo. Diz o mentor Gubio que através do hipnotismo é mais velho que o mundo, lembra o caso de Nabucodonosor que se encontra na Bíblia, durante sete anos viveu como um animal. O mesmo ocorrendo com um espírito feminino que pressionada por violento remorso sentia-se como se fosse uma loba, pois quando encarnada assassinara o marido e os quatros filhos. Gubio explica a André Luiz que o hipnotismo pode ser usado pelos bons e pelos maus, todos o possuem.
O mundo gira e a ciência comprova as verdades espíritas codificadas por Allan Kardec na França. O assunto emancipação da alma provocado pela hipnose e o sono natural, que permite curas e a regressão de memória, a ciência atual está dando novos conceitos sobre o sono, aceitando a teoria espírita da emancipação da alma.
(1)         Magnetismo - por Franz Anton Mesmer, médico alemão quem estudou de forma científica a teoria que certas pessoas podem irradiar um fluido especial proveniente do próprio corpo com influência nos indivíduos e nos animais.
(2) Licantropia - fenômeno pelo qual Espíritos pervertidos no crime atuam sobre antigos comparsas, encarnados ou desencarnados, fazendo-os assumir atitudes idênticas às de certos animais.
Publicado no Jornal Correio Espírita – JUNHO 2010.
Fonte: http://www.correioespirita.org.br/index.php?option=com_k2&view=item&id=744:cientistas-comprovam-a-hipnose&Itemid=62

sábado, 29 de dezembro de 2012

Reforma Íntima


EVOLUÇÃO E REFORMA ÍNTIMA


Em biologia, evolução é a mudança das características hereditárias de uma população, de uma geração para outra. Este processo faz com que os organismos mudem ao longo do tempo. A seleção natural é um processo pelo qual características hereditárias que contribuem para a sobrevivência e reprodução se tornam mais comuns numa população, enquanto que características prejudiciais tornam-se mais raras.

O termo evolução vem do latim evolutio, que significa “desabrochamento”. Segundo o dicionário Aurélio, evoluir significa “evolver, passar por transformações”.
Sob a ótica espírita, quando falamos que o espírito evolui desde os primórdios de suas ligações com a matéria, não significa que cada átomo, cada planta ou cada micróbio seja um espírito, mas, que esses reinos primitivos são o molde, a base por onde o princípio inteligente se manifesta a fim de desenvolver-se. É como o casulo da borboleta. Antes, ela só existia como lagarta! Ou seja, tudo na natureza se encadeia para que o espírito realize voos mais altos, rumo ao infinito. Sem o reino animal, o princípio inteligente não teria desenvolvido o instinto, essa força da natureza que é a base da nossa manifestação como seres humanos. É “cuidando do ninho” que são desenvolvidas as primeiras noções de família, para, posteriormente, as transformarmos em sentimento de amor para conosco (autoestima) e com a família universal.

Evolução significa desenvolver algo que já existe em potencial. Ou seja, evoluir espiritualmente significa manifestar, de forma gradativa, todo o potencial que existe em nós. Somos centelhas divinas. Somos a própria manifestação de Deus. Quando amamos, é o amor divino que está em ação. Portanto, trazemos em nossa essência o “código genético do Pai”. Apenas precisamos nos iluminar, nos conhecermos em profundidade para que a grande reforma espiritual se realize e o brilho interno da nossa consciência se manifeste.

Resumindo: sem autoconhecimento não é possível a reforma íntima. “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. A Verdade está além dos livros, além da razão, da mente. A verdade é nossa realidade maior, é Deus em toda sua Plenitude. Este caminho é eterno, infinito, e a cada passo um novo horizonte se abre diante de nós.

Boa jornada a todos!

Fonte: http://www.rcespiritismo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=281:evolucao-e-reforma-intima&catid=34:artigos&Itemid=54

Carma


CARMA: PUNIÇÃO OU REEQUILÍBRIO

(Escrito por Agnaldo Cardoso)

 
* Carma: do sânscrito Karma, que significa, simplesmente, "ação".

Nós sabemos o que seja carma? Por que, parece, que carma virou explicação para todo problema, toda situação triste ou infeliz na vida das pessoas. Mas quem é esse tal de carma? De onde ele vem?

Inicialmente, é importante entender, que não devemos nos prender demais ao conceito de carma. Essa é uma posição da filosofia oriental que tem aproximações com a Lei de Causa e Efeito apresentada pelo Espiritismo, mas há distinções em relação ao entendimento disso na prática.

Quando se usa o termo carma, no entender de muitos, há uma conotação de fatalidade, enquanto que a Doutrina enfatiza a possibilidade de minimizar ou até eliminar as ocorrências de sofrimento, mediante uma ação positiva no bem.

Carma, meus irmãos, ao invés de ser um castigo como muitos pensam, é sinônimo de reequilíbrio.
E a vida material é a maravilhosa e insubstituível escola que possibilita que aprendamos e tomemos consciência das nossas atitudes erradas nesta e em vidas pretéritas.

Mas como é que o carma aparece? Do nada? Em um passe de mágica? Não! O Princípio do Livre Arbítrio dá ao homem o direito de escolher seus caminhos, de ser o autor de sua história, o construtor do seu destino. Entretanto, o Princípio de Causa e Efeito, Plantação e Colheita, torna o homem refém de seus atos, das suas escolhas.

Nós construímos nosso carma, no exercício do nosso livre arbítrio, na escolha de nossas opções. E optar, não é o que sempre estamos fazendo? Ajudo ou prejudico? Cuido da minha saúde ou me vicio em drogas? Sou amigo ou inimigo? Prego a paz ou fico criando intrigas? Elogio ou critico? Trabalho ou fico ocioso? Construo ou quebro? São as nossas escolhas! Nossas decisões!

Nós, meus queridos irmãos, somos os únicos responsáveis pela escolha do nosso caminho. O problema, é que, após a escolha, temos que trilhar pelo caminho escolhido!
Útil, não é necessariamente aquele que quando está na erraticidade, solicita reencarnar como um deficiente, para purgar atitudes equivocadas. Muito mais importante é aquele que procura, quando está encarnado, adquirir condições para, na próxima vez, reencarnar perfeito, para auxiliar, construtivamente, os seus irmãos.

A expiação, muitas vezes, por conta de uma visão distorcida, soa como castigo divino. Mas, nós, espíritas, sabemos e devemos demonstrar pelo exemplo, que as deformidades físicas não estão punindo, mas eliminando as deformidades perispirituais, que causamos anteriormente.

Podemos atenuar, ou mesmo eliminar, as situações cármicas? Sim, por atos de amor.

Cabe a nós demonstrarmos “que o amor cobre uma multidão de pecados”. As pessoas quando enfrentam uma situação difícil, seja ela física, financeira ou psicológica e que não sabem, não conseguem, nem desejam modificá-la, enfrentando-a, costumam dizer:
– Não posso mudar. É meu carma. Eu sou assim! É a anestesia da consciência! É o famoso complexo de Gabriela! Sabem aquela música? Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim... E com isso, tenta esquecer que a sua obrigação é mudar! É progredir!

Dentro desta verdade divina, não existe o perdão de Deus, pois recebemos segundo o que obrarmos, ou seja, segundo o que fizermos. Deus não nos criou para nos punir! Deus é amor... e o Carma não é punição Divina: é conseqüência retificadora.

Considerando que a Lei de Causa e Efeito, é uma Lei Divina, e que as Leis Divinas foram escritas por Deus, conclui-se que: “Na natureza não há prêmios ou castigos. Há conseqüências”!

A falsa noção de carma inflexível, nos conduz a dois grandes erros. Um é que o Espiritismo, prega ou endossa a necessidade da dor; isto não é verdade.
A dor só seria uma necessidade, se o Espiritismo pregasse que todos deveríamos ser um grupo de masoquistas! O que a Doutrina dos Espíritos demonstra com clareza, é a utilidade da dor, quando persistimos no egoísmo, no orgulho, na vaidade e demais defeitos lesivos à comunhão de solidariedade com os semelhantes. A dor não é uma criação divina. A dor é criação de quem sofre!

O outro erro é a crença de que a Doutrina Espírita, aconselha o conformismo diante da “má sorte”; isto também não é correto; o que ela ensina é a resignação, atitude bastante diferente, adequada para nos fazer aceitar sem desespero aquilo que não podemos mudar.

Compreendamos, o carma como espécie de conta corrente das ações que praticamos no Banco deste mundo, onde há séculos caminhamos endividados, cadastrados no SPC da vida, pela constante emissão de cheques sem os necessários fundos de bondade, caridade, amor, etc... Resgatemos nosso débito, limpemos o nosso nome no SPC, emitindo cheques com a devida provisão de fundos e isso é possível, através da prestação de serviços de caridade ao próximo, e estejamos convencidos de que, dessa forma, tanto economizaremos lágrimas, como conquistaremos um bom saldo de felicidade!
“Aquele que muito amou foi perdoado, não aquele que muito sofreu.” O amor é que cobriu, isto é, resgatou a multidão de pecados, não a punição ou o castigo.

Transformar ações, amando, é alterar nosso carma para melhor, atraindo pessoas e situações harmoniosas para junto da gente. É, em última instância, a nossa indispensável e indelegável reforma íntima!

Nós decidimos, nós plantamos e nós colhemos!

Nossa vida é simplesmente o reflexo das nossas ações. Se queremos mais amor no mundo, criemos mais amor no nosso coração.

Se queremos mais tolerância das pessoas, sejamos mais tolerantes.

Se queremos mais alegria no mundo, sejamos mais alegres.

Nossa vida não é uma sucessão de coincidências, de acasos, nossa vida é a simples conseqüência de nós mesmos!!!

FONTE:http://www.rcespiritismo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=932:carma-punicao-ou-reequilibrio&catid=34:artigos&Itemid=54

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

CHIPS e intrantes


CHIPS e intrantes

por Rodrigo Romo

 
Tema muito atual e complicado, no qual temos verificado que o número de pessoas com Chips e biochips é muito grande além da presença de Intrantes em valores também alarmantes. São técnicas que as forças das trevas espaciais e governamentais, estão encontrando para infiltrar suas garras e diminuir a ação da luz em muitos grupos que inicialmente tinham boas intenções e misteriosamente acabam por se desfazer e contradizer em suas bases e propostas originais. Muitas pessoas famosas tem se perdido dentro dessa energia e perderam a vida, passando a seus corpos serem sustentados por outros tipos de seres que denominamos de intrantes, que através de clonagem energética, podem replicar o cordão prateado e inserir sua energia em nossos corpo material e usa-lo como se estivessem encarnados. Os processos que permitem que isso seja manifestado são em parte sustentados pelo nosso campo emocional e pelos implantes que podemos receber. Muitos canais ou contatados que permitiram que seu Ego e arrogância se inflasse, acabaram sucumbindo as energias desses seres, que foram vampirizando-os e colocando diversos implantes nos corpos sutis desses seres, que mesmo com os avisos dos Mestres e Comandantes, acabaram por ignorar as advertências e foram sendo manipulados por forças sinistras. Dentro dos Chips e suas programações temos aqueles que são de silício e outros de material orgânico com consciência geneticamente programada como os vírus, que por sinal em grande parte foram desenvolvidos por esses grupos ligados ao Sinistro Governo Secreto, como a AIDS, EBOLA e outros similares que ainda estão para aparecer. Os Chips orgânicos, são os mais perigosos, pois eles acabam por se radicar no sistema nervoso central e reproduzem as nossas matrizes genéticas, passando a serem indispensáveis depois de um tempo prolongado, só podendo ser removidos pelas cirurgias dos Mestres e dos grupos médicos espaciais de elevada vibração. Esses implantes já são de forma primitiva intrantes em nossa consciência e campo magnético, por esse motivo sempre aconselho a um acompanhamento regular pelo plano espiritual para que seja feita uma ressonância e vistoria dos corpos sutis que possuímos. Quanto maior for o nosso equilíbrio e serenidade, tanto maior a nossa defesa contra essas energias e entidades que procuram dominar e subjugar a humanidade desde os tempos da invasão dos Falsos Deuses.

Subpersonalidades de vidas passadas


Subpersonalidades de vidas passadas influenciando a vida presente



Durante um atendimento através de Regressão a Vidas Passadas, em alguns casos (com mais freqüência do que possamos imaginar), detecto a presença de personalidades de vidas passadas, influentes e atuantes na vida atual da pessoa. Podemos chamá-las de subpersonalidades.

A personalidade atual se apóia e se utiliza dessa forte influência da personalidade da vida passada, de forma inconsciente, e isto ocorre por motivos variados, os quais poderão ser descobertos se forem pesquisados em uma busca no inconsciente. Isto significa que a pessoa vive a sua vida atual, com atitudes, ações, reações, crenças e sentimentos, que são provenientes dessa força negativa da antiga personalidade, a qual carrega toda a memória de dor, medo, ressentimento, raiva, desejo de vingança, entre outros, que atua de forma oculta, influenciando negativamente a vida atual da pessoa.

Quando encarnamos, trazemos questões de vidas passadas a serem resolvidas na vida presente, durante a realização de nosso propósito de vida, portanto, é natural nos sentirmos influenciados por fatos, crenças e sentimentos experienciados e ocorridos em outras vidas, os quais - após um trabalho de regressão, com o cuidadoso e devido encerramento e "limpeza" de energias estagnadas e densas, que nos envolvem, confundem, aprisionam e trazem dor, que são provenientes da experiência passada -, poderão ser facilmente "deixados para trás", poderão ser dissipados, iluminados e perdoados, deixando para nós, na vida presente, somente as energias poderosas de seus significados, aprendizado e poder transformador. Quero pontuar que isto não quer dizer que só conseguiremos realizar nossos propósitos na vida presente, se fizermos regressões. Existem várias outras técnicas, terapias e procedimentos que poderão gerar o mesmo resultado libertador, sem que precisemos passar por regressões.
Mas não é nada natural, ao contrário, é muito destrutivo, vivermos sob a forte influência de uma subpersonalidade atuando de forma oculta em nossa vida, drenando nossas energias, fazendo-nos agir e reagir de forma negativa, segundo suas crenças e tendências destrutivas e/ou autodestrutivas, sem que possamos compreender os motivos, por não termos essa consciência.

Quando a presença de uma subpersonalidade de outra vida é detectada em um trabalho de regressão e é percebida e reconhecida como atuante na vida atual da pessoa, esta precisa ser informada, para que esse fato oculto venha à luz de sua consciência, para que a pessoa possa pelo menos saber e compreender o que está acontecendo "dentro dela" e que existe uma força contrária atuando negativamente sobre ela, a partir de seu interior. A pessoa precisa ser orientada para que saiba lidar com a questão, para que não se apavore, o que aumentaria o poder da subpersonalidade, para que possa assumir o seu poder pessoal, não se deixando dominar por ela.

Porém, muitas vezes, como a pessoa ainda não sabe lidar adequadamente com isso e pela forte impressão que isso lhe causa e, principalmente, pela necessidade de se tratar dessa questão com bastante atenção e cuidados especiais, normalmente, é necessário que seja feito um trabalho de acompanhamento e orientação para que a pessoa aprenda a lidar com isso e evite assumir a subpersonalidade, por se identificar com ela - muitas vezes, a pessoa acaba se "unindo" à personalidade passada, porque pode ter sentido a dor desta, como por exemplo, em um caso de injustiça, fazendo com que a personalidade atual, queira vingar a personalidade passada, encontrando aqui, uma justificativa para seus erros -, passando a acreditar que é "bom, interessante, bacana ou normal" carregar e assumir essa parte oculta atuando em sua vida.

Outra questão a ser observada, é a negação. Quando a subpersonalidade é identificada, de nada adiantará a pessoa querer negar sua existência e tentar eliminá-la de forma imediata. Isto não é simples, pois durante toda a sua vida ela esteve presente e influenciando-a. Às vezes, ela permanece por muitas vidas, acompanhando cada nova encarnação e influenciando a cada nova personalidade. Portanto, não é simples apenas querer expulsá-la. Ela poderá ser libertada - e não expulsa e eliminada - e isto só ocorrerá se a pessoa fizer um trabalho de aceitação, "conversação", negociação e acordos com a subpersonalidade que a influencia. Esta negociação, poderá ser efetuada por conversas telepáticas através de uma sintonia com a consciência da subpersonalidade. Isto possibilita que ambas as personalidades - atual e passada -, possam ter uma melhor compreensão e aceitação desse realidade oculta, para que possam encontrar, juntas, um caminho para a solução das questões da vida passada que ainda influenciam a vida presente, encontrando assim, recursos para a libertação mútua, com perdão e autoperdão.
Não estou dizendo que devemos assumir e ficarmos ligados, conscientemente, à subpersonalidade, fazendo com que ela se torne uma presença importante em nossa vida. Ela deverá ser libertada quando ambas estiverem prontas para isso, mas enquanto isto não é possível, pois ela está presente de fato, podemos aproveitar a sua existência, criando possibilidades e recursos, para que possamos extrair o melhor dessa situação, beneficiando a ambas. Com isto, poderemos aproveitar essas conversas, para compreendermos ainda mais tudo o que ela viveu, conhecer e compreender seus temores, o que a impede de permitir que nos realizemos, e tantas outras informações preciosas.

Isto nos trará possibilidades de não a rejeitarmos pelas experiências negativas que viveu, mas sim, de percebermos o quão difícil e doloroso foi para ela, viver aquela vida, fazendo com que passemos a ter compaixão, admiração e amor por ela. É no amor que tudo se cura e tudo se perdoa. Desta forma, teremos a chance de conhecermos e resgatarmos todos os seus potenciais e dons desenvolvidos e todo o seu conhecimento, aprendizado e sabedoria, adquiridos na outra vida. Isto nos fortalecerá e nos ajudará a resgatarmos o amor próprio e a dignidade, fazendo com que possamos realizar nosso propósito com muito mais consciência e sabedoria.
Quando isto ocorre, a subpersonalidade perde a função em nossa vida e é finalmente libertada, com profunda reverência.
 

Subpersonalidade

Cada um de Nós é uma Multidão
por Diana Whitmore (#)

O artigo a seguir foi extraido do livro de Diana Whitmore Joy of Learning, Aquarian Press, Dartford, UK - 1990, capítulo 4. O artigo foi traduzido para o português por Andrée Samuel. [nota do Redator]
Mary, uma jovem de 11 anos, acorda cedo para ter um tempo na companhia de sua mãe antes dessa ir para o trabalho e Mary para o colégio. Esse momento especial para Mary e para a mãe é vivido tranqüilamente lendo um livro e conversando sobre o dia que terão pela frente. Mary curte muito esses momentos nos quais sua mãe é muito amorosa com ela e tende a regredir para um comportamento de uma criança com idade inferior à que ela de fato tem. Ela busca a segurança, o afeto e a atenção de sua mãe de um modo muito infantil, evocando na mãe sentimentos de proteção, de pegá-la no colo e abraça-la.

Mary vai para a escola, encontra sua amiga e parece ser uma pessoa diferente. Com a sua amiga Mary parece mais velha, orgulha-se de suas notas da aula de artes parecendo estar muito confiante em si e à vontade. Ela diz para a amiga a que farão após as aulas e ela decide que jogos jogarão no recreio. Ela claramente é o líder nessa relação sendo que a sua amiga tem um papel de subserviência.

No caminho da escola Mary e sua amiga encontram dois meninos de sua classe e, novamente, o comportamento de Mary se modifica. Agora ela é agressiva e impetuosa, caçoando dos meninos e provocando-os, irritando-os chegando até o ponto de empurrar um deles. Ela claramente não gosta de um dos meninos e demonstra-lhe isto verbalmente e através do seu comportamento.

Na escola, na aula de matemática, mais uma vez o comportamento de Mary se modifica dramaticamente; agora ela parece confusa, perto das lagrimas e incapaz de trabalhar. Pede a ajuda constante do professor, não compreende a tarefa a ser feita e é surpreendida copiando a lição de outra criança. Quando confrontada com esse comportamento, ela chora copiosamente dizendo que é burra, é incapaz de fazer a lição de matemática e que é um fracasso.

À tarde, na sua aula predileta – artes – Mary se sai brilhantemente demonstrando um grande talento artístico e muita criatividade. Ela está radiante, cooperativa contribuindo para animação da sala. Ela ajuda as outras crianças demonstrando sensibilidade e compaixão.

Num período curto de tempo Mary demonstrou cinco tipos diferentes de comportamentos, indo de um extremo ao outro. Ela parece ser diferentes pessoas e pode estar confusa pelo seu próprio comportamento inconsistente chegando até a pensar que deve haver algo errado com ela. Ela pode estar assustada com seu comportamento agressivo e procurar contrabalança-lo sendo uma boa menina.

Há tantas partes diferentes em nós e tantas variedades de comportamentos e estados internos nos quais entramos que tudo isto parece estar fora do nosso controle consciente. Podemos nos sentir às vezes como sendo várias diferentes pessoas, a despeito de nós mesmos. Quando uma criança se comporta mal, geralmente sente que o fez a despeito de si mesmo – ele não queria realmente ser difícil ou causar o transtorno pelo qual está sendo repreendido.

Assim como as crianças se percebem agindo diferente em situações diferentes, o mesmo ocorre com os adultos – até mesmo com os educadores. É claro que nosso comportamento como educadores varia em função daquilo que acontece na nossa vida pessoal, daquilo que sentimos e do como nossas crianças estão se comportando. Nosso estado interno pode mudar repentinamente da paciência e compaixão para a irritação e o desgosto. Nosso diretor aparece na sala de aula e nos tornamos o professor ideal, orientando a classe com muita habilidade. Podemos estar claramente conscientes da nossa necessidade de impressiona-lo com nossos talentos educacionais. Quando Mary se mostra confusa e chorosa durante a aula de matemática, podemos às vezes sentir compaixão e pacientemente ajuda-la nesse momento difícil para ela. Em outros momentos, talvez por ter sido aquele um dia extenuante, nos sentimos cansados com esse seu comportamento e não lhe damos atenção achando que já está na hora dela aprender a não ser mais uma “criancinha”.

Podemos facilmente perceber nossa própria multiplicidade reconhecendo o quanto modificamos nossa aparência na vida, nossa auto-imagem, nossa percepção e nosso comportamento em relação aos outros assim como nossa experiência interior. A vida pode nos parecer: uma luta, uma dança maravilhosa, um jogo prazeroso, uma tarefa a ser cumprida ou uma existência plena de significado. Um modo de perceber essa multiplicidade é através do modelo das subpersonalidades.

As subpersonalidades são configurações autônomas dentro do todo da personalidade. São identidades psicológicas, co-existindo como uma multiplicidade de vidas numa pessoa; cada subpersonalidade tem padrões de comportamentos específicos e características individuas formando uma entidade relativamente unificada. Cada uma delas tem um estilo e uma motivação por si só que é freqüente e surpreendentemente diferente das outras subpersonalidades. De um certo modo, cada um de nós é uma multidão. Numa criança pode ter o aprendiz cooperativo, o artista brilhante, o super leitor, o rebelde, a criança regredida, o organizador, o palhaço da classe, o amigo amoroso, o sabotador, a boneca adorável, o líder maduro, etc. No educador pode ter a mãe frustrada, o “baby sitter” que se sente aborrecido, o santo satisfeito, o mártir sacrificado, a atriz fracassada, o psicólogo analítico, a autoridade intolerante, o idealista irritado, o doador cansado, o facilitador paciente, o pragmático rígido ou o professor sábio. Cada um dessas características ou subpersonalidades disparatadas demonstrará posturas e mesmo estados físicos únicos; terá suas qualidades emocionais próprias e terá uma determinada atitude mental com crenças, atitudes e visão de mundo correspondentes.

Cada subpersonalidade tem sua própria maneira de se relacionar e de se expressar. Freqüentemente, as subpersonalidades são reativas ao ambiente e são estimuladas por eventos. Por exemplo, se eu retornar do trabalho e encontrar a casa bagunçada, minha subpersonalidade “arrumadeira” aparece, eu me sinto com raiva e me recuso a cozinhar o jantar. Se uma criança se comporta mal, o educador pode ter evocada a sua subpersonalidade “autoridade intolerante”; se por outro lado a mesma criança está assustada, o “facilitador paciente” pode emergir. Da mesma maneira, uma criança pode se comportar de um modo cooperativo e sensível na classe, e se transformar em monstro em casa.

Uma grande limitação para o desenvolvimento da criança, e para a emergência de sua própria personalidade única, pode ocorrer quando ela se identifica fortemente com um familiar e quando essa identificação é tão completa que ela se torna um retrato vivo desse familiar, possuindo todos os maneirismos e idiossincrasias dessa pessoa. O modelo de subpersonalidade pode ser usado para aliviar esse estado não saudável, desviando a atenção para outras subpersonalidades, mesmo para subpersonalidades desconhecidas, permitindo-lhes soltar essa identificação.

Quando uma pessoa está identificada com alguma de suas subpersonalidades, sua vivencia é de que ela é essa subpersonalidade e, como conseqüência, ela perde o acesso com o todo que é a sua personalidade. Por exemplo, se eu estiver identificada com uma subpersonalidade predominantemente emocional, estarei sendo governada pelos meus sentimentos e estarei afastada da minha mente racional. Se eu estiver identificada com uma subpersonalidade profissional poderei estar afastada dos meus sentimentos e/ou de minha intuição. As subpersonalidades em si não são limitantes; é a nossa identificação inconsciente com elas que é limitante.

Assagioli descreveu a incongruência que aparece às vezes entre as subpersonalidades quando escreveu:

“Não estamos unificados; freqüentemente achamos que o estamos, porque não temos muitos corpos nem muitos membros, nem porque uma mão geralmente não machuca a outra. Porém, metaforicamente, isso é exatamente o que acontece conosco. Várias subpersonalidades lutam continuamente: impulsos, desejos, princípios, aspirações são envolvidos numa briga continua.”

Idealmente nós queremos o acesso à nossa personalidade inteira para escolher um comportamento apropriado de acordo com a situação de nossa vida. Nossas subpersonalidades são como músicos de uma orquestra; com cada instrumento tocando a sua própria musica, a desarmonia e talvez o caos resultarão. Evidentemente a orquestra precisa de um maestro que dirigirá os instrumentos para criar uma sinfonia harmoniosa. Todos os músicos são necessários, mesmo que em certos momentos um ou outro seja chamado a apresentar-se solo. Freqüentemente nossa experiência do dia a dia é semelhante à desarmonia de uma orquestra, com as diversas partes nossas procurando uma expressão e controlando inconscientemente nosso comportamento, em vez de se organizar de uma maneira complementar.

Estamos todos sujeitos a nos deparar com forças desconhecidas dentro de nós mesmos. Podemos nos perceber ressentidos ou ameaçados por algo ou alguém; é de grande importância que façamos um exame cuidadoso das motivações subjacentes a esses sentimentos. Talvez estejamos vivenciando uma situação que nos confronta com nossa idiossincrasia de como gostaríamos que as coisas fossem; talvez essa situação e/ou essa pessoa representa algo com o qual inconscientemente temos medo de nos confrontar. Quando não damos a devida atenção a esses estados internos, quando os deixamos de lado ou os jogamos em baixo do tapete, nossa percepção da realidade e nossas relações tendem a se dar de um modo distorcido.

(#) Diana Whitmore: Psicoterapeuta; MA em Educação Confluente, pela Universidade de Califórnia; estudando PhD em Educação pela Universidade de Surrey; fez treinamento didático com Dr. Roberto Assagioli, fundador da Psicossíntese; fez treinamento de Psicossíntese Humanística no Instituto Esalen, Califórnia.

Presidente, e anteriormente Diretora Executiva, do "Psychosynthesis & Education Trust" Centro de Psicossíntese de Londres, que foi fundado pelo Dr. Roberto Assagioli em 1965; Diretora Fundadora do "COUI / UK - Children: Our Ultimate Investment"; Vice-Presidente do Conselho do "COUI / USA - Children: Our Ultimate Investment"; dirige atualmente o programa "Teens & Toddlers" para prevenção de gravidez nas adolescentes; Membro do Conselho de Diretores do "Findhorn Foundation College"

Com mais de 28 anos de prática de psicossíntese, ela treinou numerosos profissionais em psicoterapia, aconselhamento e educação em toda Europa. Autora dos livros "The Joy of Learning - A Guide to Psychosynthesis in Education" Ed. Crucible / The Aquarium Press, UK - 1990 e "Psychosynthesis Counselling in Action" Ed. SAGE Publications, London - 2000.

FONTE: http://www.psicossintese.org.br/Artigos/Multidao_Diana.asp

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer e Leonardo Boff


O comunismo ético de Oscar Niemeyer

 Nas nossas conversas, sentia alguém com uma profunda saudade de Deus. Invejava-me que, me tendo por inteligente (na opinião dele) ainda assim acreditava em Deus, coisa que ele não conseguia. Mas eu o tranquilizava ao dizer: o importante não é crer ou não crer em Deus. Mas viver com ética, amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem. Pois, na tarde da vida, o que conta mesmo são tais coisas

    07/12/2012 
                                                                                                                      Leonardo Boff

 Não tive muitos encontros com Oscar Niemeyer. Mas os que tive foram longos e densos. Que falaria um arquiteto com um teólogo senão sobre Deus, sobre religião, sobre a injustiça dos pobres e sobre o sentido da vida?

Nas nossas conversas, sentia alguém com uma profunda saudade de Deus. Invejava-me que, me tendo por inteligente (na opinião dele) ainda assim acreditava em Deus, coisa que ele não conseguia. Mas eu o tranquilizava ao dizer: o importante não é crer ou não crer em Deus. Mas viver com ética, amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem. Pois, na tarde da vida, o que conta mesmo são tais coisas. E nesse ponto ele estava muito bem colocado. Seu olhar se perdia ao longe, com leve brilho.

Impressionou-se sobremaneira, certa feita, quando lhe disse a frase de um teólogo medieval: “Se Deus existe como as coisas existem, então Deus não existe”. E ele retrucou: “mas que significa isso?” Eu respondi: “Deus não é um objeto que pode ser encontrado por ai; se assim fosse, ele seria uma parte do mundo e não Deus”. Mas então, perguntou ele: “que raio é esse Deus?” E eu, quase sussurrando, disse-lhe: “É uma espécie de Energia poderosa e amorosa que cria as condições para que as coisas possam existir; é mais ou menos como o olho: ele vê tudo mas não pode ver a si mesmo; ou como o pensamento: a força pela qual o pensamento pensa, não pode ser pensada”. E ele ficou pensativo. Mas continuou: “a teologia cristã diz isso?” Eu respondi: “diz mas tem vergonha de dizê-lo, porque então deveria antes calar que falar; e vive falando, especialmente os Papas”. Mas consolei-o com uma frase atribuída a Jorge Luis Borges, o grande argentino:”A teologia é uma ciência curiosa: nela tudo é verdadeiro, porque tudo é inventado”. Achou muita graça. Mais graça achou com uma bela trouvaille de um gari do Rio, o famoso “Gari Sorriso: “Deus é o vento e a lua; é a dinâmica do crescer; é aplaudir quem sobe e aparar quem desce”. Desconfio que Oscar não teria dificuldade de aceitar esse Deus tão humano e tão próximo a nós.

Mas sorriu com suavidade. E eu aproveitei para dizer: “Não é a mesma coisa com sua arquitetura? Nela tudo é bonito e simples, não porque é racional mas porque tudo é inventado e fruto da imaginação”. Nisso ele concordou adiantando que na arquitetura se inspira mais lendo poesia, romance e ficção do que se entregando a elucubrações intelectuais. E eu ponderei: “na religião é mais ou menos a mesma coisa: a grandeza da religião é a fantasia, a capacidade utópica de projetar reinos de justiça e céus de felicidade. E grande pensadores modernos da religião como Bloch, Goldman, Durkheim, Rubem Alves e outros não dizem outra coisa: o nosso equívoco foi colocar a religião na razão quando o seu nicho natural se encontra no imaginário e no princípio esperança. Ai ela mostra a sua verdade. E nos pode inspirar um sentido de vida.”

Para mim a grandeza de Oscar Niemeyer não reside apenas na sua genialidade, reconhecida e louvada no mundo inteiro. Mas na sua concepção da vida e da profundidade de seu comunismo. Para ele “a vida é um sopro”, leve e passageiro. Mas um sopro vivido com plena inteireza. Antes de mais nada, a vida para ele não era puro desfrute, mas criatividade e trabalho. Trabalhou até o fim, como Picazzo, produzindo mais de 600 obras. Mas como era inteiro, cultivava as artes, a literatura e as ciências. Ultimamente se pôs a estudar cosmologia e física quântica. Enchia-se de admiração e de espanto diante da grandeur do universo.

Mas mais que tudo cultivou a amizade, a solidariedade e a benquerença para com todos. “O importante não é a arquitetura” repetia muitas vezes, “o importante é a vida”. Mas não qualquer vida; a vida vivida na busca da transformação necessária que supere as injustiças contra os pobres, que melhore esse mundo perverso, vida que se traduza em solidariedade e amizade. No JB de 21/04/2007 confessou: ”O fundamental é reconhecer que a vida é injusta e só de mãos dadas, como irmãos e irmãs, podemos vive-la melhor”.

Seu comunismo está muito próximo daquele dos primeiros cristãos, referido nos Atos dos Apóstolos nos capítulos 2 e 4. Ai se diz que “os cristãos colocavam tudo em comum e que não havia pobres entre eles”. Portanto, não era um comunismo ideológico mas ético e humanitário: compartilhar, viver com sobriedade, como sempre viveu, despojar-se do dinheiro e ajudar a quem precisasse. Tudo deveria ser comum. Perguntado por um jornalista se aceitaria a pílula da eterna juventude, respondeu coerentemente: “aceitaria se fosse para todo mundo; não quero a imortalidade só para mim”.

Um fato ficou-me inesquecível. Ocorreu nos inícios dos anos 80 do século passado. Estando Oscar em Petrópolis, me convidou para almoçar com ele. Eu havia chegado naquele dia de Cuba, onde, com Frei Betto, durante anos dialogávamos com os vários escalões do governo (sempre vigiados pelo SNI), a pedido de Fidel Castro, para ver se os tirávamos da concepção dogmática e rígida do marxismo soviético. Eram tempos tranquilos em Cuba que, com o apoio da União Soviética, podia levar avante seus esplêndidos projetos de saúde, de educação e de cultura. Contei que, por todos os lados que tinha ido em Cuba, nunca encontrei favelas mas uma pobreza digna e operosa. Contei mil coisas de Cuba que, segundo frei Betto, na época era “uma Bahia que deu certo”. Seus olhos brilhavam. Quase não comia. Enchia-se de entusiasmo ao ver que, em algum lugar do mundo, seu sonho de comunismo poderia, pelo menos em parte, ganhar corpo e ser bom para as maiorias.

Qual não foi o meu espanto quando, dois dias após, apareceu na Folha de São Paulo, um artigo dele com um belo desenho de três montanhas, com uma cruz em cima. Em certa altura dizia: “Descendo a serra de Petrópolis ao Rio, eu que sou ateu, rezava para o Deus de Frei Boff para que aquela situação do povo cubano pudesse um dia se realizar no Brasil”. Essa era a generosidade cálida, suave e radicalmente humana de Oscar Niemeyer.

Guardo uma memória perene dele. Adquiri de Darcy Ribeiro, de quem Oscar era amigo-irmão, uma pequeno apartamento no bairro do Alto da Boa-Vista, no Vale Encantando. De lá se avista toda a Barra da Tijuca até o fim do Recreio dos Bandeirantes. Oscar reformou aquele apartamento para o seu amigo, de tal forma que de qualquer lugar que estivesse, Darcy (que era pequeno de estatura), pudesse ver sempre o mar. Fez um estrado de uns 50 centrímetros de altura E como não podia deixar de ser, com uma bela curva de canto, qual onda do mar ou corpo da mulher amada. Ai me recolho quando quero escrever e meditar um pouco, pois um teólogo deve cuidar também de salvar a sua alma.

Por duas vezes se ofereceu para fazer uma maquete de igrejinha para o sítio onde moro em Araras em Petrópolis. Relutei, pois considerava injusto valorizar minha propriedade com uma peça de um gênio como Oscar. Finalmente, Deus não está nem no céu nem na terra, está lá onde as portas da casa estão abertas.

A vida não está destinada a desaparecer na morte mas a se transfigurar alquimicamente através da morte. Oscar Niemeyer apenas passou para o outro lado da vida, para o lado invisível. Mas o invisível faz parte do visível. Por isso ele não está ausente, mas está presente, apenas invisível. Mas sempre com a mesma doçura, suavidade, amizade, solidariedade e amorosidade que permanentemente o caracterizou. E de lá onde estiver, estará fantasiando, projetando e criando mundos belos, curvos e cheios de leveza.

Leonardo Boff é teólogo. Texto publicado na edição eletrônica da revista Brasil de Fato.

FONTE: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/25871/o+comunismo+etico+de+oscar+niemeyer.shtml

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Experiências fora do corpo


FALANDO DE EXPERIÊNCIAS FORA DO CORPO


(Entrevista com Wagner Borges - Publicada na Revista Vialuz – número 10; páginas 35 a 39 - setembro de 1998.)

1. Vialuz: O que é uma projeção astral?
R. Wagner Borges: Projeção astral é a capacidade parapsíquica da consciência se projetar temporariamente para fora de seu corpo físico. É conhecida popularmente como viagem astral ou saída do corpo. Dependendo da doutrina ou grupo que pesquise esse assunto, os nomes para isso são os mais diversos. Por exemplo: projeção astral (Teosofia); experiência fora do corpo (Parapsicologia); projeção da consciência (Projeciologia); desdobramento espiritual, desprendimento espiritual ou "emancipação da alma (Espiritismo); saída astral (Gnose); projeção do corpo psíquico (Ordem Rosacruz); ou simplesmente, viagem fora do corpo.

2. Vialuz: Quer dizer que projeção astral é o mesmo que viagem astral, ou saída do corpo?
R. Wagner Borges: Sim, é a mesma coisa. É que cada um chama por um nome diferente, mas é a mesma experiência.

3. Vialuz: É um fenômeno que só ocorre com médiuns e iniciados esotéricos, ou ocorre também com as pessoas comuns?
R. Wagner Borges: As experiências fora do corpo ocorrem naturalmente com todos os seres humanos. É capacidade natural da pessoa. Independe de contexto religioso, cultural, social, esotérico, sexual ou racial. Ocorre que, quando nos deitamos para dormir, o nosso corpo sofre uma redução natural de seu metabolismo. Os batimentos cardíacos ficam mais tranquilos, e o padrão de ondas cerebrais se modifica. Enquanto o corpo físico descansa, o corpo espiritual - também chamado de corpo astral, perispírito, psicossoma, corpo da alma, corpo sutil, ou corpo de luz -, desprende-se e flutua por cima da parte física. Por ser um corpo de natureza sutil, pode se locomover em alta velocidade e voar a lugares do plano físico ou espiritual.
Essa experiência pode ocorrer de três maneiras básicas:
- Projeção consciente - a pessoa está lúcida fora do corpo e pode controlar a experiência.
- Projeção inconsciente - a pessoa está projetada fora do corpo, mas não tem consciência. Está dormindo fora do corpo.
Projeção semiconsciente - a pessoa está fora do corpo, meio-desperta. Percebe as coisas, mas não consegue interagir lucidamente com a experiência.

4. Vialuz: Quais são os sintomas de uma saída do corpo?
R. Wagner Borges: Os sintomas preliminares de uma projeção são variados. Inclusive, muitos leitores da Vialuz se sentirão familiarizados com alguns deles. Normalmente, as pessoas sentem esses sintomas durante o sono, mas, devido à falta de informação do que está acontecendo, elas ficam com medo de contar para outras pessoas.
Descreverei agora estes sintomas:
- Catalepsia projetiva: Esse fenômeno causa medo em muitas pessoas, mas é muito mais comum do que se pensa. A pessoa acorda no meio da noite (ou mesmo numa soneca durante o dia), e descobre que não consegue se mexer. Parece que uma paralisia tomou conta do seu corpo. Ela não consegue mexer um dedo sequer. Tenta gritar para chamar alguém, mas não sai voz nenhuma. A pessoa luta tenazmente para sair desse estado, mas parece que uma força invisível tolheu-lhe os movimentos. Inclusive, pode ter alguém deitado do lado e não perceber nada do que está acontecendo tão perto.
Dominada por aquela paralisia, a pessoa grita mentalmente: "Eu tenho que acordar! Isso deve ser um pesadelo!" - Mas ela já está acordada, só não consegue se mover.
Devido ao pânico que a pessoa sente, seus batimentos cardíacos se aceleram. A adrenalina se espalha pela circulação e estimula o corpo. O resultado disso é que a pessoa recupera os movimentos abruptamente, normalmente com um solavanco físico (espasmo muscular). Em poucos momentos, seu cérebro racionaliza o fato e dá a única resposta possível: “Foi um pesadelo!”

Algumas pessoas mais impressionáveis podem fantasiar algo e jogam a culpa da paralisia em demônios ou seres espirituais. Na verdade, a pessoa acordou no meio de um processo energético decorrente da mudança do padrão de vibrações do corpo espiritual* em relação ao corpo físico. Ela acordou num estado transicional dos corpos.
Simplesmente ela despertou para uma situação que ocorre todas as noites quando ela dorme. Antes, ocorria com ela adormecida, e naquela situação ela acordou bem no meio da transição.
Se a pessoa ficar quieta e não tentar se mover, sentirá uma sensação de flutuação por sobre o corpo. Ocorrerá um desprendimento espiritual consciente! E então ela poderá comprovar na prática de que aquilo é realmente uma saída do corpo. Verificará, por ela mesma, que não se trata de doença ou coisa do demônio.
Se ela não quiser tentar a experiência, é só tentar mover o dedo indicador de uma das mãos - ou uma das pálpebras -, assim ela recupera o movimento tranquilamente.
- Ballonemant: A pessoa acorda e sente a sensação de estar inflando (semelhante a um balão se enchendo). Na verdade, é sua aura** que está dilatando, mas como ela não sabe disso, pensa que é o corpo que está crescendo e inchando em todas as direções. Se a pessoa ficar quieta e deixar a sensação continuar, ela se projetará suavemente para fora do corpo.
Não há perigo algum. Inclusive, essa sensação é muito familiar a sensitivos e médiuns em geral, pois eles têm forte tendência de soltura energética.
- Sensação de falsa queda durante o sono ou cochilo: Quase todo mundo já sentiu isso alguma vez. A pessoa está deitada cochilando (hipnagogia***) e, repentinamente, tem a sensação de estar escorregando ou caindo abruptamente da cama. Então, ela desperta com um solavanco físico e um pequeno susto. O que aconteceu?
Simplesmente seu corpo espiritual deslocou-se uma polegada para fora do alinhamento energético com o corpo físico e foi tracionado vigorosamente para dentro, pois o metabolismo ainda estava ativo e impediu uma soltura maior.
Quando eu era pequeno, minha avó dizia que isso acontecia comigo porque eu estava crescendo. Só que não cresci muito (tenho 1,67 de altura), e até hoje isso acontece comigo.
- Estado vibracional: A pessoa desperta no meio do sono e sente uma série de vibrações (descargas energéticas) propagando-se pelo seu corpo. Parece que ela tem uma tempestade elétrica percorrendo seu corpo, às vezes acompanhada de fortes zumbidos dentro da cabeça. Isso ocorre porque o corpo espiritual acelera suas vibrações**** para escapar das lentas vibrações do corpo denso. Se a pessoa ficar quieta e deixar a sensação continuar, ela se projetará em instantes.
Há outra sensações decorrentes da soltura do corpo espiritual em relação ao físico, mas essas são as mais comuns.

5. Vialuz: Quais são as vantagens para um projetor consciente?
R. Wagner: Só para esclarecer ao leitor: a pessoa que se projeta para fora do corpo é chamada tecnicamente de "projetor" (ou “projetora”). Antigamente, o pessoal chamava de "viajante astral", "viajor espiritual", "projetor astral", “andarilho das estrelas”, e outros.
As vantagens dessa experiência consciente são inúmeras:
- A pessoa comprova, por ela mesma, que ela não é somente o corpo físico. Sabe, portanto, que pode viver independentemente do corpo carnal. Sabe que é uma consciência espiritual - e seu corpo é a vestimenta carnal transitória.
- Pode encontrar-se, fora do corpo, com as pessoas amadas que já desencarnaram e manter um contato espiritual com elas.
- Pode ajudar pessoas mediante a aplicação de energia consciencial fora do corpo (de forma semelhante a um passe extrafísico).
- Pode encontrar-se com seres espirituais evoluídos, que lhe ensinarão preciosas lições de maturidade e evolução.
- Literalmente, a pessoa perde o medo da morte, pois vendo-se fora do corpo denso e encontrando-se com seres extrafísicos, ela descobre que a morte não aniquila a consciência de ninguém, apenas muda o seu foco e vibracão para os planos extrafísicos.
- No mínimo, é uma maneira de aproveitar as horas de sono para evoluir. E sem gastar energia do corpo, pois o mesmo está adormecido e se recuperando pelo sono.
- Resumindo: Enquanto a consciência se manifesta nos planos extrafísicos, o corpo descansa. Quando ela volta ao corpo, pode ou não lembrar-se dos fatos vivenciados. É que o cérebro pode apagar a lembrança dessas vivências extracorpóreas e misturar por cima um monte de sonhos. Quando a pessoa desperta fisicamente, lembra-se apenas de uma mistura de imagens incoerentes. No entanto, tudo aquilo que ela aprendeu fora do corpo fica registrado em seu subconsciente e surge no momento oportuno como inspiração nos momentos de vigília mesmo. Nada se perde dentro da alma!

6. Vialuz: Há um código de ética entre os projetores? Existe forma de comportamento quando se está projetado?
R. Wagner: Há um código de ética extrafísico (Cosmoética), e seus valores de referência são baseados naquilo que o projetor pensa, sente e faz. Portanto, se alguém tentar uma experiência fora do corpo com motivos negativos, ela será a primeira a se prejudicar! Semelhante atrai o semelhante. No mesmo instante em que ela estiver pensando alguma coisa negativa, ela atrairá energias e seres espirituais negativos para dentro de sua aura. Ela será a primeira a sofrer as consequências de suas más intenções.
Tudo aquilo que pensamos e sentimos reflete-se em nossa aura espiritual. Logo, o nosso corpo espiritual manifesta a média energética do que somos como consciências. Por isso, é fundamental nos motivarmos na direção de tudo aquilo que seja positivo e de acordo com as leis superiores do Universo.

7. Vialuz: Para fazer uma viagem astral a pessoa precisa se preparar através de exercícios energéticos ou de concentração? E tem que ter alguma alimentação especial?
R. Wagner: Exercícios de ativação dos chacras***** e de concentração e visualização criativa ajudam muito a despertar a lucidez extrafísica. Porém, fica difícil descrever algumas dessas técnicas no espaço que dispomos aqui nessa entrevista. Por isso, sugiro ao leitor que acesse o site do IPPB na internet. Lá tem várias informações e dicas práticas sobre as saídas do corpo. O endereço é: http://www.ippb.org.br
Sobre alimentação, o que interfere realmente é a hora em que a pessoa ingere o alimento. Se ela comer imediatamente antes de deitar, dificultará o processo projetivo, pois estará saturando o corpo num momento em que ele precisa estar pronto para relaxar e aprofundar o sono. No meu caso, não faço nenhuma alimentação especial. Não como carne vermelha há anos, mas quando comia me projetava da mesma maneira. Acho que a questão da alimentação está muito envolvida em radicalismos variados. Conheço projetores carnívoros e vegetarianos. Acho que uma alimentação mais leve, sem tanta proteína e gordura animal é muito boa para a saúde do corpo físico. Mas em relação a consciência, o que determina mesmo a qualidade é o que pensamos, sentimos e fazemos.

8. Vialuz: O que mudou em sua vida depois dessas saídas do corpo?
R. Wagner: Comecei a ter experiências fora do corpo na adolescência. Nesses anos todos, tenho aprendido muitas coisas bacanas. Há vários espíritos legais que encontro fora do corpo e que me ensinam muitas coisas. A própria experiência em si mesma já muda o jeito da gente em muito, pois você vive com a plena certeza de que não morre. Você sabe que a perda de alguém que ama é temporária. Você pode encontrá-la fora do corpo e abraçá-la alegremente. Com certeza os seus olhos brilham mais e você encara a vida com melhores perspectivas, mesmo com todos os problemas que surgem na vida diária.
Uma coisa é certa: se eu não vivesse essas experiências, acho que não seria tão bem humorado. Quando penso que sou imortal, começo a rir. E aí percebo que o meu coração está aberto e os meus chacras estão radiantes. O resultado desses estudos e práticas espirituais é que estou bem comigo mesmo e cheio de boa vontade de aprender tudo de bom de qualquer área.

9. Vialuz: Você segue alguma linha espiritual em particular?
R. Wagner: Não. Eu estudo de tudo e mantenho a mente e o coração sempre livres. Estudo Hinduísmo, Taoísmo, Espiritismo, Umbanda, Ocultismo, Teosofia, Eubiose, Antroposofia, Budismo e outros... Procuro somar as melhores partes de cada área numa síntese bem equilibrada. Se quiser, coloca aí que sou espiritualista. Ou então, "sempre livre!"

10. Vialuz: Conte uma experiência que tenha lhe marcado muito.
R. Wagner: Tem tantas. Vou citar algumas bem por alto.
Certa vez, fui levado por um grupo de espíritos chineses para fora da Terra, em pleno espaço sideral. Encontramos um grupo de seres extrafísicos que tinham a forma de focos de luz. Eram muito avançados e, por intuição, eu sabia que eles eram egressos de outros orbes. Um deles interpenetrou minha mente e tentou me passar vários ensinamentos. Só que os conhecimentos eram tão avançados que eu não conseguia assimilar direito. Eles tentaram várias vezes, mas eu não consegui captar corretamente as informações. Voltei para o corpo frustrado e danado da vida comigo mesmo. Então, um dos espíritos chineses me disse o seguinte: “Quando nós o levamos lá, já sabíamos que você não entenderia nada mesmo”.
Daí eu perguntei a eles: “Então, porque me levaram até lá?”
Eles responderam: “Levamos lá para que você tenha a noção correta de que não sabe quase nada! Quando você achar que sabe muito, lembre-se dessa experiência”.
De outra feita, fui projetado dentro do útero de uma amiga minha, que estava grávida de oito meses e comuniquei-me com sua filha lá dentro. Foi uma experiência muito bonita. Mas, nem só de experiências bonitas vive um projetor. Já vi muita coisa medonha mesmo. Têm espíritos revoltados que portam uma atmosfera muito pesada. Muitas vezes, o projetor é levado para dar passes extrafísicos nesse pessoal.
Se eu ficar contando relatos projetivos aqui, nós vamos levar horas conversando. Da próxima vez que vocês me convidarem para vir aqui, aí eu contarei com mais detalhes várias experiências.

FONTE: http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10538:falando-de-experiencias-fora-do-corpo&catid=137:textos-especiais&Itemid=284

Projeção Astral


A PROJECÃO ASTRAL E AS FORMAS-PENSAMENTO


– Por Victor Rebelo -

         Há alguns anos atrás passei por algumas dificuldades, tanto na área financeira quanto no campo afetivo. Foi uma fase muito difícil da minha vida, porém, analisando a fundo tudo o que estava passando e, buscando despertar minha consciência, soube canalizar forças e superar minhas dificuldades.
         Para isso, contei com a ajuda de irmãos espirituais (1) que estiveram ao meu lado, não como “babás espirituais”, mas como amigos dispostos a me orientar e amparar, sem a intenção paternalista de percorrer o caminho que só cabe a mim percorrer.
Entre estes espíritos amigos, está um que se apresentou como sendo o exu Sr. Tranca-Ruas.
         Certa noite, já de madrugada, despertei projetado fora do corpo físico (2), no corredor da minha casa, que liga a sala com a cozinha. Antes que pudesse pensar em fazer qualquer coisa, algo me chamou a atenção no fundo do corredor. Era uma forma monstruosa, parecida com aquele fantasma verde do filme Ghostbusters – Os caça-fantasmas!
         Ela veio voando na minha direção e me atravessou... Olhei para trás e vi outro monstro, parecido com o primeiro, que também voou na minha direção, me atravessando.
          Pensei, então: – Meu Deus, são espíritos obsessores! (3) Estou sendo assediado.
Imediatamente, comecei a rezar o Pai-Nosso, mas não consegui terminar. Aqueles monstros não paravam de voar, atravessando meu perispírito (4), fazendo caretas e me provocando no intuito de me assustar. E estavam conseguindo!
         Recomecei a orar, e nada de conseguir terminar a prece. Então, não tem jeito! – pensei. Preciso pedir auxílio a algum guardião!
         Iniciei, mentalmente, uma das preces cantadas do exu Sr. Tranca-Ruas.
         Assim que comecei a entoar seu ponto de evocação, um espírito de estatura mediana, vestindo uma camisa preta, lenço vermelho na cabeça e segurando uma espécie de cajado em uma das mãos, atravessou a porta que sai do terraço para a sala de estar.
         Entrou e, antes que me dissesse qualquer coisa, fui logo pedindo socorro. Disse que estava sendo assediado por espíritos obsessores monstruosos.
          Ele, então, com muita serenidade e confiança me respondeu:
– Não são espíritos obsessores. São formas-pensamento (5). São criações emanadas da sua mente. Todos os seus medos e insegurança estão gerando essas formas que estão lhe assustando.
– E o que posso fazer para acabar com elas? – perguntei ansiosamente.
– Autoconfiança! Se você confiar mais em si mesmo, em seus potenciais, bastará dizer “sumam!” e elas desaparecerão para sempre. Quer ver?
         Neste momento, ele ergueu seu cajado e bateu com força, mas sem violência, no chão, e imediatamente aquelas formas-pensamento desapareceram.
         Senti uma força me puxar de volta ao corpo físico (6) e acordei (na verdade já estava acordado, só que fora do corpo), voltando a manifestar minha consciência no plano físico denso.
         Levantei-me da cama e fui beber um copo d’água, refletindo nos ensinamentos que aquele espírito amigo havia me passado.
         Realmente, quantos de nós somos responsáveis pelas dificuldades por que passamos! Quantas vezes, devido à nossa imprudência, atraímos situações que nos causam sofrimento que poderíamos evitar se vivêssemos com maior lucidez espiritual?
         Quantas vezes geramos pensamentos de medo, acreditando que somos incapazes de superar determinada situação, nos sentindo cada vez mais fracos? E o que é pior, passamos a usar drogas ou medicamentos na ânsia de acabar com nossa angústia. Isso quando não acreditamos que alguém fez magia negra contra nós ou que estamos sendo obsediados.
         Na maioria das vezes, nós mesmos é que somos os culpados. Podemos chamar isso de auto-obsessão. E quando determinada ideia é constante em nossa mente (monoideísmo) acabamos gerando as formas-pensamento.
         As formas-pensamento irão permanecer em torno do nosso campo mental, “gravitando” ao nosso redor, pois nós as alimentamos com nossa energia. Elas parecem ter vida própria, mas na verdade obedecem automaticamente a determinados padrões de manifestação, alguns, inclusive, que fazem parte do inconsciente coletivo.
         Muito médiuns e clarividentes as confundem com espíritos, mas não são.
         No meu caso, bastou que eu tomasse consciência de determinados pensamentos negativos que eram comuns, a ponto de serem gerados inconscientemente, para iniciar o processos de desintegração daquelas formas-pensamento.
         O processo de autoconhecimento é eterno. Trabalhemos sempre nele para que possamos nos libertar da cadeia de sofrimento em que vivemos, o samsara, como diz a sabedoria oriental.

         Conheça-te a ti mesmo! Eis a lição libertadora!

(Victor Rebelo é pesquisador espiritualista e editor das revistas Caminho Espiritual e Revista Cristã de Espiritismo).
 FONTE: http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10976:1183-a-projecao-astral-e-as-formas-pensamento&catid=31:periodicos&Itemid=57).