Terapêutica da Alma
Conrado R. Ferrari, Porto Alegre.
Aqueles que, acossados por males psíquicos, buscam a ajuda dos médiuns, esperam deles a operação de milagres, no entanto, está no consenso geral dos que estudam os problemas espíritas que não resultam em benefícios permanentes as curas de desequilíbrios nervosos e mentais ou de outros males de origem psíquica, se após a ajuda mediúnica o paciente não se decide a promover, por esforço próprio, a consolidação da cura.
A caridosa ajuda do médium intervém à guisa do trabalho dos sanitaristas, que desinfetam ambientes carentes, mas que, depois, precisam do concurso permanente dos moradores para a conservação da casa higienizada, sob pena de voltar o miasma, se faltar o trabalho mantenedor. E esse trabalho só o paciente pode executar.
O curador exerce a sua ação benéfica: Transfunde fluídos curadores, retifica vibrações desarmônicas, afasta entidades atuadoras, perversas, vampíricas ou sofredoras, fonte de disturbios mais ou menos graves, obtendo o restabelecimento do doente; mas não pode substituir a este na ação que lhe cabe e que exige a evangelização do espírito, o saneamento da mente, o abrandamento do coração. Em outras palavras - a transformação do espírito encarnado pelo abandono de maus hábitos, vícios, inclinações, egoismos - em troca de preocupações superiores, altruístas, amorosas, construtoras.
Esse trabalho é pessoal. Cada um de nós tem de efetuá-la por si mesmo. O pai não pode substituir o filho e nem este ao pai; a esposa não pode substituir o esposo e vice-versa, e nem o santo pode fazer pelo seu pupilo. A falta de trabalho complementar, depois da recuperação, explica o retorno do mal. É que o paciente, alertado, não se preocupou ou não teve forças para realizar a parte da cura que lhe competia.
Vem então o desânimo, a revolta. Quando o tratamento foi praticado por médiuns espíritas, diz-se que o Espiritismo não cura. Realmente, ele não faz milagres, apenas ajuda. supre deficiências, mas sempre da dependência da complementação que cabe ao próprio doente. Se este espera milagre, sem nenhum esforço, sem renúncia da sua parte, perderá tempo recorrentdo à cura mediúnica.
Muitos temem apelar para o mediunismo como recurso para se libertarem dos males de origem psíquica. Não há o que temer. O Espiritismo não exige que o paciente ingresse nas suas fileiras, em paga do bem que lhe dá. Não. O que o Espiritismo recomenda é a trnsformação moral do paciente quando o mal é psíquico. Ao egoísta ensina a amar o próximo, amparando-o e socorrendo-o. Ao vicioso ensina a virtude. Ao orgulhoso ensina a modestia.
Essa transformação pode se processar fora das fileiras espíritas. O modelo é o Mestre de Nazaré e pode ser praticado em qualquer seita religiosa ou fora dela.
Quando o mal é provocado por sensibilidade mediúnica, aí sim, não há recurso senão disciplinar a faculdade, desenvolvê-la, prepará-la para o uso adequado em bem da humanidade.
O certo é que os males da alma só são curáveis pelo tratamento da alma. E esse tratamento só pode ser feito pelo próprio enfermo. O auxílio externo é contribuição valiosa, mas por si só não resolve o problema objetivamente.
Porto Alegre, 21 de abril de 1960.
Fonte: http://www.casadojardim.com.br/mensagens.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário