segunda-feira, 18 de julho de 2011

APOMETRIA E ESPIRITISMO


Apometria e Espiritismo
por João Luiz de Almeida Carneiro


A apometria, como lembrado por inúmeros amigos apômetras, é um instrumento de trabalho.
Instrumento muito abrangente, não se pode negar, permitindo uma atuação ampla no conjunto Espírito-perispírito, porém não passa disso. O objeto e a missão da Apometria devem ser muito bem compreendidos, pois desta forma, a técnica será muito melhor aceita.
Este instrumento necessita de aplicação, surgindo naturalmente o trabalhador. O conhecimento e Amor são fundamentais para o êxito de sua utilização. Neste ponto, encontramos as filosofias religiosas ou não.
A Apometria permitiu à união dos praticantes de diversas doutrinas pesquisar e, principalmente, auxiliar o processo de cura do Ser integral. Esta união gerou dois pontos importantes a serem discutidos.
O primeiro é que a Apometria está ajudando o processo de convergência dos ensinamentos para um mesmo ponto: A melhora e evolução do Espírito, sob a ótica da sua essência independente de rotulações religiosas ou filosóficas. Este intercâmbio de informações positivas entre os sistemas de compreensão da vida traz resultados extremamente positivos tanto para os adeptos como para os leigos.

O segundo foi de provocar um conflito de conceitos e nomenclaturas, fruto das imperfeições humanas. Alguns pesquisadores não aceitam a intersecção de idéias que, provavelmente, permitiria o surgimento de soluções cada vez mais próximas da realidade do Homem-Espírito.
Surge então o questionamento: Se o intercâmbio das doutrinas é válido, mas ainda gera inúmeros problemas nas bases apométricas, qual caminho devo seguir?
Sem desmerecer nenhuma preferência do leitor, o Espiritismo nos proporciona respostas simples e completas. Não considere a única resposta, pois a doutrina não impõe dogmas. Sua filosofia permite a construção de um trabalho sustentável, sua metodologia científica facilita a pesquisa e a compreensão das leis que regem o mecanismo de interação entre o mundo físico e extrafísico e, o mais importante, sua moral direciona os caminhos.
Antes de aprofundar o assunto, devemos entender o processo na sua gênese. O saudoso Dr. Lacerda procurou utilizar a Apometria dentro do Espiritismo. Suas citações contidas nos dois livros que editou nos dão esta certeza. A só aceitação da realidade do Homem-Espírito, tal como ensinada por doutrinas espiritualistas e pelo Espiritismo, já iluminaria os horizontes de nossa espécie. Mas a Doutrina Espírita vai mais longe. Mostra a possibilidade de intercâmbio com os habitantes daquela dimensão paralela: pessoas que, embora sem corpo carnal, conservam mente e emoções; pessoas que podem, sob certas condições, interferir negativa ou positivamente na nossa existência (grifo meu) (1).
Segundo relato do Dr. Ivan Hervé, médico espírita convicto: Quando fui trabalhar com o Lacerda, então saindo do Hospital, não mais era possível qualquer acordo, pois infelizmente as mágoas mútuas eram muitas, embora todos os participantes se dissessem espíritas. Dou aqui meu testemunho que Lacerda continuou kardecista até desencarnar, o que é confirmado pela leitura de seus dois livros. Infelizmente, a prática da apometria tornava obrigatório explicar certos fatos, entre os quais o agora chamado “desdobramento do paciente” e outros permitidos pela prática da mesma. A solução encontrada foi buscar na Teosofia e nas doutrinas orientais, a teoria septenária, daí advindo os sete corpos e os chakras. No entanto é de se notar que a aplicação deles, por Lacerda, discorda totalmente da teoria oriental, como veremos no capítulo I. Pode alguém perguntar por que não foi buscada uma explicação em Kardec. Naquela época, dado o ambiente existente, provocaria maiores ressentimentos (2) (grifo meu). O Dr. Vitor Ronaldo da Costa, espírita renomado e pessoa íntegra, também mostra, em seu livro, a posição espírita do Dr. Lacerda.
Alguns confrades espíritas questionam a utilização de conceitos além da doutrina para explicar alguns processos e procedimentos ocorridos dentro dos atendimentos. A doutrina espírita além de não criticar, reforça a atitude tomada pelo Dr. Lacerda e inúmeros estudiosos do meio.
Mas, fiel ao princípio de liberdade de consciência, que a Doutrina proclama como direito natural, ela respeitará todas as convicções sinceras e não anatematizará os que sustentam idéias diferentes das suas, nem deixará de aproveitar as luzes que possam brilhar fora do seu seio (3) (grifo meu).
Essas luzes, captadas pelo Dr. Lacerda na Teosofia e doutrinas orientais, serviram de estopim para, atualmente, os médiuns experimentadores compreenderem melhor o que acontece dentro das salas apométricas e, além disso, no dia-a-dia do ser consciente. Joanna de Ângelis também fez uso deste princípio espírita quando diz: Buda ensinava que a única função da vida é a luta pela vitória sobre o sofrimento. Empenhar-se em supera-lo deve ser a constante preocupação do homem (4). Agora, a utilização de termos espiritualistas, dentro do Espiritismo, deve ser muito bem analisado.
Dr. Lacerda de Azevedo não fez a adaptação total destes termos para o Espiritismo, provavelmente pelo motivo que o Dr. Hervé explanou (2). Os apômetras espíritas têm a importante missão de continuar o trabalho interrompido pelo desencarne do codificador da Apometria.
Uma questão oportuna deve ser levantada aqui. Muitos amigos de jornada afirmam que o Espiritismo não possui respostas para todos os fenômenos observados nas salas apométricas. Nós discordamos respeitosamente e demonstramos algumas das inúmeras fontes literárias no meio espírita.
Magia. O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma multidão de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu uma infinidade de fábulas em que fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que por assim dizer são apenas uma, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é a melhor defesa contra as idéias supersticiosas, porque mostra o que é possível e impossível, o que há nas leis da natureza e o que é apenas uma crença ridícula (grifo meu) (5). Outro livro da codificação que demonstra explicações muito lógicas sobre magia é A Gênese, Os milagres e as Predições segundo o Espiritismo Capítulos XIII, XIV, XV onde versa sobre os fluidos, um verdadeiro tratado, e os milagres contidos no Evangelho. Sobre a magia negra, André Luiz nos dá verdadeiro ensinamento quando diz: Abstenhamo-nos de julgar. Consoante lição do Mestre que hoje abraçamos, o amor deve ser nossa única atitude para com os adversários. A vingança, Anésia, é a alma da magia negra. Mal por mal, significa o eclipse absoluto da razão (grifo meu) (6).
Magos Negros. Aqueles que chamais de feiticeiro são pessoas, quando de boa fé, dotadas de algumas faculdades, como o poder magnético ou a dupla vista (grifo meu) (5). Hermínio C. Miranda diz: Com os esclarecimentos contidos hoje na Doutrina Espírita, estamos em condições de entender muitos desses segredos e mistérios, pois, no fundo, o mago sempre foi um médium, assistido por companheiros desencarnados, com os quais se afinam bem, no interesse de ambos (grifo meu) (7).
Instituições Umbralinas. Além da obra de André Luiz, mas precisamente o livro Libertação, é oportuno citar novamente o sábio Hermínio C. Miranda: As instituições das trevas são estruturadas numa rígida concentração do poder, nas mãos de alguns líderes, escolhidos por um processo impiedoso de seleção natural (grifo meu) (8). No decorrer do capítulo, o autor tece inúmeros outros comentários interessantes para a compreensão do tema.
Estes são alguns dos temas apométricos que a vasta literatura espírita explica.
Atualmente um conceito em especial deve ser estudado com maior atenção. Os corpos do espírito. A espiritualidade maior e Kardec colocaram o tema de maneira concisa. Apesar de ser um estudo necessário, outros inúmeros conceitos físicos e metafísicos necessitavam vir à tona no intuito de compilar um doutrina mais completa possível, o que de fato ocorreu. Outras seitas, religiões, sistemas filosóficos avançaram no assunto, porém, falta um elo de ligação, um intercâmbio pleno de idéias.
O meio acadêmico ocidental estuda o assunto, mas precisamente na psicologia transpessoal, pois aceita a existência do Inconsciente em dimensões mais sutis ao corpo físico.
Um exemplo prático desta falta de intercâmbio gerando opiniões destoantes, quiçá antagônicas, é o estudo do corpo Mental Abstrato. Alguns confrades apômetras dizem ser de uma estrutura perfeita, não circulando informações negativas, outros colocam como sede do “poder e do mando” quando desarmonizado. Esta divergência ocorre, por se utilizar o mesmo nome para conceitos diferentes.
Atrelado a tudo isso se vê no modelo septenário, adotado atualmente, pouca influência dos conceitos consagrados da psicologia. Como o Inconsciente e Consciente atuam no perispírito? É verdade que as personalidades regressas já estão sendo estudadas no meio apômetra, seja pelo processo de ressonância com o passado, seja pelo estudo das “personalidades múltiplas”; mas ainda é pouco tendo em vista a profundidade dos estudos transpessoais e holísticos sérios.
Neste momento entra a figura da casa de João Pedro. Suas afirmativas (2) reforçam o exposto. A conceituação espírita dos corpos bem como sua aplicação na Apometria dar-se-á no próximo livro do Dr. Ivan Hervé. Segundo o próprio, através dos livros da codificação, da série de André Luiz e alguns ditados por Emmanuel serão supridas todas as necessidades.
Caso o modelo da casa de João Pedro não conseguir vencer as necessidades atuais, já se estuda a possibilidade de utilizar o modelo proposto pelo Dr. Jorge Andréa dos Santos, com fortes influências de Joanna de Ângelis. Este modelo seria composto por: Inconsciente Puro, Inconsciente Passado, Inconsciente Atual, Corpo Mental, Perispírito, Etérico, Super-Consciente, Consciente, Subconsciente (9) (10) (11). Observando este modelo com critério, observamos a inclusão de conceitos multimilenares retificado e ratificado pelas descobertas ocidentais mais recentes. Tudo isto utilizando uma nomenclatura espírita evitando “ferir” os conceitos de outras doutrinas.
Como estamos regidos pela Lei do Progresso (12), com certeza um ou os dois modelos podem gerar falhas conceituais. Neste ponto, surgirão outros pesquisadores que darão prosseguimento aos estudos, com a diferença de possuírem um parâmetro seguro: o Espiritismo.
Não podemos esquecer o caráter universal da doutrina. Dr. José Lacerda de Azevedo combate de forma ostensiva os espíritas ortodoxos. Peço licença ao amigo leitor e vou além: A doutrina dos Espíritos mostra de uma forma clara a incoerência dos ditos espíritas repudiarem outras religiões. Ela está contida e contem ao mesmo tempo os sistemas filosóficos, todas as ciências e todas as religiões, no sentido literal da palavra.
O Espiritismo se encontra por toda parte, na Antiguidade e em outras épocas da Humanidade. Encontram-se em toda parte vestígios dele nas Escrituras, nas crenças e nos escritos, e é por isto que, ao abrir novos horizontes para o futuro, lança uma luz esclarecedora sobre os mistérios do passado (13).
Notas
(1) Azevedo, José Lacerda de; Espírito e Matéria, pág. 59; sem editora; Porto Alegre – Santa Catarina.
(2) Nota Oficial da Casa de João Pedro.
(3) Kardec, Allan; Obras Póstumas, pág. 371; 31a ed.; FEB; Rio de Janeiro – Rio de Janeiro.
(4) Angelis, Joanna de; Plenitude, pág 19; 12a ed.; LEAL; Salvador – Bahia.
(5) Kardec, Allan; Livro dos Espíritos, Questão 555; 2a ed.; Petit; São Paulo – São Paulo.
(6) Luiz, André; Nos domínios da Mediunidade; sem maiores referências.
(7) Miranda, Hermínio C.; Diálogo com as Sombras, pág. 164; 18a ed.; FEB – Rio de Janeiro.
(8) Miranda, Hermínio C.; Diálogo com as Sombras, pág. 200; 18a ed.; FEB – Rio de Janeiro.
(9) Santos, Jorge Andréa dos; Forças Sexuais da Alma; Fon-Fon e Seleta; Rio de Janeiro – Rio de Janeiro.
(10) Santos, Jorge Andréa dos; Artigo – A Sexualidade e seus impulsos.
(11) Série psicológica de Joanna de ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, LEAL; Salvador-Bahia.
(12) Kardec, Allan; Livro dos Espíritos, Parte Terceira – Capítulo IX; 2a ed.; Petit; São Paulo – São Paulo.
(13) Kardec, Allan; Evangelho segundo o Espiritismo, pág 15; 1a ed.; Petit; São Paulo – São Paulo.

FONTE: http://www.portalalpha.com.br/LivrePensar.asp?identificacao=42

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