segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PSICANÁLISE


Um modelo sistêmico e os sete vícios 
Sabemos que a psicanálise nasceu a partir de conhecimentos advindos de diversas áreas do saber, como Mitologia, Antropologia, Medicina, Física, Filosofia ocidental e oriental.
Schopenhauer, que inspirou Freud e Jung, foi o primeiro filósofo ocidental a revelar abertura em relação às idéias da filosofia oriental:“Toda a realidade em torno de nós não passa de representação mental, contudo, tão convincente que cremos nela com toda força” - Schopenhauer.  (Seu livro: “O Mundo como Vontade e Representação” é uma releitura dos Vedas). 
Tais ciências transformam-se em uma ciência única que investiga o inconsciente humano. Ao elaborar um método e uma técnica que busca entender o sofrimento humano, que aliviasse a dor da “alma”, Freud trouxe um conhecimento que sinalizou uma grande mudança na forma de “ver” o mundo.Na primeira década do século XX, a ciência passou por uma mudança de paradigma fundamental.
Agora, na primeira década do século XXI, os quebra-cabeças e anomalias estão se acumulando novamente e a comunidade científica se defronta com outra mudança de paradigma, tão fundamental quanto a revolução que mudou a ciência do mundo mecanicista de Newton para o universo relativista de Einstein.O tipo de coerência descoberto atualmente indica uma correlação quase instantânea entre as partes ou elementos de um sistema, seja ele um átomo, um organismo ou uma galáxia. 
Todas as partes de um sistema que apresenta tal coerência estão correlacionadas de modo que o que acontece com uma das partes também acontece com as outras partes.Como toda ciência, a psicanálise, deve se adaptar ao seu tempo e o momento atual é o melhor para ela, já que as recentes descobertas revelam o quanto a mesma é uma ciência contemporânea, só precisando lançar mão dos conceitos científicos contemporâneos para tornar-se mais dinâmica, mais de acordo com o momento vigente.
O pensamento "sistêmico" é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da Revolução Científica do século XVII, como Descartes, Bacon e Newton.O pensamento sistêmico, de uma forma geral, pode ser definido como uma nova forma de percepção da realidade.
Segundo Capra (1996) quanto mais se estuda os problemas de nossa época, mais se percebe que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. 
Com a Psicanálise, evoluímos para o conceito de que as memórias traumáticas, as emoções não digeridas, são as fontes básicas das energias motivadoras. Com os entendimentos da Psicanálise Sistêmica podemos acrescentar aos motivos acima as influências sistêmicas familiares, tanto as anímicas quanto as dos antepassados, como fonte de motivação para o nosso comportamento.
Neste modelo de psicanálise entendemos que a linguagem modela a percepção, por isso, usamos os vícios capitais por trazerem riquíssimas descrições sob o aspecto da linguagem.  Este fato favorece o psicanalista no desenvolvimento de maiores condições para a compreensão dos estados psíquicos envolvidos, possibilitando o aperfeiçoamento de seus recursos lingüísticos para suas intervenções e interpretações com o analisando.A escolha do termo exato para a descrição de um estado emocional, apreendido em uma sessão de psicanálise, é recurso de valor inestimável. 
Tal ferramenta aproxima o analisando de sua realidade psíquica, o que facilita insights ou pode provocar reações emocionais intensas, úteis para o contato do analisando consigo mesmo e para a compreensão, por parte do analista, do conteúdo envolvido.Os pecados capitais seriam em última instância expressões da pulsão de morte, que se dão por meio de sentimentos, atitudes e comportamentos que desviam ou impedem a pessoa de usar seus recursos mais construtivos, dificultando a expressão mais livre de pulsão de vida. 
Os pecados capitais representam o que o indivíduo tem de potencialmente destrutivo em si. A psicanálise amplia o significado dos antigos pecados para mostrar que eles representam sentimentos que não são um mal a ser evitado a qualquer preço, mas aspectos importantes da personalidade desde a infância. Nossa verdadeira personalidade é construída por pequenos tijolinhos de energia. 
Tais tijolinhos são formados pelas emoções e pela energia do pensamento que trazemos do passado (herdados geneticamente) e somamos àqueles da infância, da adolescência e da vida adulta.  Os elementos de nossa personalidade são modelados com energia e removidos de nós apenas quando cessamos de lhes dar vida – através do pensamento, das emoções e da atividade enquanto energia vital.O desejo é a forma pensamento energizada. 
É um produto do seu criador. Contém a vida do criador que o alimenta.  O interesse do criador, sua força vital, irá energizá-la ou desenergizá-la.  Sua criação revela o nível de sua consciência. Construímos elementos que são máscaras que ocultam o inconsciente, ao mesmo tempo em que o revela.  Tais máscaras seriam os pecados capitais. 
Quando estamos num estado de medo generalizado, tendemos a encobrir esse sentimento que sentimos com afirmações através das quais podemos dominar este medo.Vícios são vórtices de pensamentos subconscientes coletivos, carregados de pulsão emocional, que existem em um padrão familiar e, em conseqüência, são abundantes em todos os lugares públicos e ao redor de um número crescente de pessoas comuns. Um trauma criará uma abertura pela qual eles podem “penetrar” e “aparecer” em nosso processo de pensamento naqueles que promovem uma inclinação para determinado vício. 
Estamos continuamente sujeitos a estímulos ambientais, que eventualmente enfraquecem nossas defesas naturais.  Por ignorância, não nos conhecemos, e como conseqüência dessa inconsciência, adquirimos hábitos, fixações, paixões e desejos de todos os tipos.
Dentro dos quais há minúsculas sementes que, quando alimentadas por uma dose pouco maior desses mesmos hábitos, fixações, paixões e desejos, dão origem a um tipo particular de egoísmo.Tais sementes contêm os elementos dos sete vícios e as duas transgreções básicas – como o medo e o engano, que afetam a humanidade ao nível da personalidade. 
O inconsciente coletivo é rico de informações e sofre alteração sempre que novas compreensões são atingidas na consciência humana, sendo constante essa interação entre o  inconsciente pessoal e coletivo.
Percebemos o quanto é importante o autoconhecimento, pois a  autodescoberta, e com ela as qualidades pessoais, afetam diretamente o mundo em que vivemos, tanto o pessoal como o coletivo.
 Marta Bittencourt
  Psicanalista Sistêmica

Fonte: http://www.ganesha.jor.br/index.php?option=com_content&view=article&id=419:psicanalise&catid=1:artganesha&Itemid=2

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