domingo, 7 de agosto de 2011

ESPIRITISMO E ESPIRITOLOGIA

Espiritismo e Espiritologia

Apesar de Allan kardec definir o espiritismo como a ciência que estuda a vida ativa após a morte e a relação entre o mundo espiritual e o material, os kardecistas abandonaram essa definição, criando suas próprias interpretações sobre o tema. Por exemplo, em seu livro Mediunidade: caminho para ser feliz, Suely C. Schubert esclarece, do ponto de vista kardecista, o que é espiritismo:

“A doutrina espírita ou espiritismo é o ensino dos espíritos, codificados por Allan Kardec. Este criou a palavra espiritismo para designar o conjunto destes ensinamentos, como também o termo espírita – que designa o adepto”.

Essa definição é perfeita do ponto de vista kardecista, pois define que apenas o conjunto dos ensinamentos e os espíritos codificados por Kardec formam o espiritismo. E os ensinamentos de outros espíritos, codificados por outros egos humanizados?  Obviamente que, pela definição acima, não podem ser chamados de espiritismo.

É por isso que desde os anos de 1930, discute-se, acirradamente, se os livros de André Luiz, psicografados por Chico Xavier, são espíritas ou não. O mesmo acontecendo, há cinqüenta anos, com os ensinamentos de Ramatís, psicografados por Hercílio Maes e outros médiuns, ou os ensinamentos mais recentes de Joanna de Angelis, psicografados por Divaldo Franco.

Essa eterna discussão estéril vai continuar existindo enquanto não se decidir com qual definição de espiritismo irá se trabalhar: com a de Kardec ou com a dos kardecistas. Se ficarmos com a definição que diz ser apenas os ensinamentos codificados por Kardec o espiritismo, como aparece com clareza na definição acima, todo o movimento espiritual pós-Kardec poderá ser complementar, concorrencial ou antagônico aos ensinamentos codificados por Kardec.

Nesse sentido, faz-se mister, para amenizar os ânimos, a criação de uma ciência capaz de estudar todos os conhecimentos espiritualistas transmitidos pelos espíritos, sem preconceitos e tomada de partido. Essa ciência poderia ser chamada de Espiritologia.

Através da Espiritologia, deixaria de fazer sentido discutir se os livros de André Luiz são espíritas ou não, se a vida em colônias espirituais é um tema espírita ou não, pois a Espiritologia seria uma ciência que estuda os ensinamentos dos espíritos, que podem ser tanto os codificados por Kardec como aqueles codificados por outros pesquisadores e/ou médiuns. O espiritólogo, como cientista, não toma partido, não briga por verdades; ele apenas estuda. Assim, procura correlacionar os temas e abordagens que são complementares ou que são antagônicos entre os ensinamentos transmitidos pelos espíritos.

Pode comparar os ensinamentos atuais com aqueles que formaram o Espiritismo, ou seja, os codificados por Kardec.
O campo de atuação da Espiritologia, como está explícito no nome, é o da pesquisa. Não é mais um “ismo”, e sim uma nova “logia”.

O espiritólogo, nesse caso, deve ser alguém capaz de transcender os limites do Espiritismo, no sentido kardecista, obviamente. Assim, necessita ter a mente aberta para estudar sem pré-conceitos o inefável mundo dos espíritos, estudando, inclusive, o que estes têm a dizer sobre a Apometria, sobre o Reiki, sobre o Baghavad Gita, sobre a Psicologia Transpessoal, sobre os Chakras, sobre os Orixás, sobre a Magia Negra, sobre a Transcomunicação Instrumental etc. Ou seja, uma série de ensinamentos não codificados por Allan Kardec.

Em suma, o espiritólogo não precisa ser, necessariamente, espírita; mas um espírita que deseja ser um espiritólogo deve estar preparado para separar a ciência do proselitismo, do doutrinismo. Por exemplo, recentemente, em um programa “espírita”, em uma rádio de São Carlos, atacou-se de forma velada a Umbanda pelo fato de alguns umbandistas acreditarem que os Orixás são espíritos criados puros e que não encarnam, quando, há anos, espíritos como Ramatís, Vovó Maria Conga e Pai Joaquim de Aruanda afirmam, em livros e palestras, que orixás não são espíritos, mas identificação de padrões de energia. Orixás são nomes para definir ondas eletromagnéticas com determinada velocidade e amplitude.

Ficou evidente, para o ouvinte atento, o interesse do programa em rebaixar a Umbanda, ao invés de fazer um estudo aprofundado sobre o tema. Mas isso aconteceu porque se tratava de um programa “espírita”, preocupado, obviamente, com proselitismo e doutrinação.

O mesmo deve acontecer com os programas de rádio e de TV das igrejas evangélicas ou católicas. Critica-se, veladamente, a igreja rival para atrair mais adeptos e se colocar como a única e verdadeira religião.

Esse exemplo acima nos ajuda a compreender o objetivo da Espiritologia. Esta deve estudar, com espírito isento de pré-conceitos, os ensinamentos dos espíritos e se libertar de toda e qualquer forma de doutrinação religiosa. De seus estudos e codificações podem até surgir novas filosofias, novos “ismos”, mas, nesse caso, já não é mais o seu campo de atuação. O seu é o de pesquisar e sistematizar os ensinamentos dos espíritos, de forma imparcial e neutra.
(Trabalhos Práticos de Apometria – Circulo de São Francisco Instituto de Animagogia, RiMa Editora, 2006, São Paulo – SP)

FONTE: 4shared - Apometria - shared folder - free file sharing and storage.mht

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