Joanna de Ângelis
Visão Espírita dos Transtornos Mentais
Alexander Moreira de Almeida
Francisco Lotufo Neto
Joanna de Ângelis
Divaldo Pereira Franco é um médium baiano com mais de 150 livros psicografados (5 milhões de exemplares, traduzidos para 15 idiomas) e orador espírita que realiza palestras pelo Brasil e no exterior (cerca de 60 países). Afirma que sua mentora espiritual, uma espécie de anjo da guarda, chama-se Joanna de Ângelis, que teria escrito 55 livros através dele. Desde 1990 ela tem escrito diversas obras abordando saúde mental, que ficaram conhecidas como “série psicológica” (Franco, 2002).
Os escritos de Joanna ilustram bem uma corrente psicológica espírita atual, pois têm atingido uma boa tiragem e considerável repercussão no meio espírita brasileiro. Descrevem uma abordagem complementar às anteriormente descritas, voltadas principalmente para transtornos “neuróticos” e com amplas pontes tendo sido feitas com a psicologia transpessoal e junguiana. Na introdução da primeira obra da série, explica:
“O Espiritismo, sintetizando diversas correntes de pensamento psicológico e estudando o homem na sua condição de Espírito eterno, apresenta a proposta de um comportamento filosófico idealista, imortalista, auxiliando-o na equação dos seus problemas, sem violência e com base na reencarnação, apontando-lhe os rumos felizes que deve seguir.” (Franco, 1990, p:9)
O espírito de cada indivíduo seria a totalidade da consciência, o Self, composto por uma parte consciente e um inconsciente ampliado, ao incluir as experiências da vida atual e passadas.
“O Self não é apenas um arquétipo-padrão, mas o Espírito com as experiências iniciais e profundas de processos anteriores (...). É natural, portanto, que possua heranças, atavismos, reminiscências, inconsciente coletivo e pessoal, face ao largo trânsito do seu psiquismo no processo evolutivo ao largo dos milênios. Herdeiro de si mesmo, o Self é mais que um arquétipo, sendo o próprio ser espiritual precedente ao berço e sobrevivente ao túmulo.” (Franco, 2002a, p.70)
“Esse inconsciente coletivo seria o registro mnemônico das reencarnações anteriores de cada ser(...)”. (Franco, 1995, p:63)
Esse inconsciente teria uma influência marcante em nossos pensamentos, ações e tendências. Seu conteúdo poderia ser parcialmente acessado através dos sonhos, orações, meditações e transes, que muitas vezes seriam, erroneamente, tomados como mediúnicos. Os transes em que se manifestaria o inconsciente do indivíduo e não um outro espírito são chamados de “anímicos”.(Franco, 1997, p:86).
O sistema nervoso central seria o instrumento de ação do espírito sobre o corpo ao regular o funcionamento do sistema neuroendocrinoimunológico. Os desequilíbrios deste sistema nos diversos transtornos mentais usualmente seriam conseqüentes a desarmonias do espírito, que seria o fator causal fundamental do psiquismo (Franco, 1997, p:24; 1999, p.35, 42; 2000a, p:101). É destacada a intensa relação mente-corpo, as influências do espírito sobre o corpo gerariam um funcionamento corporal harmônico ou enfermiço ao induzir mutações e diversas alterações na fisiologia.
Além dos fatores orgânicos e sociais, as vidas passadas teriam um importante papel nos desajustes psíquicos atuais. Fobias podem decorrer de eventos traumáticos, assim como depressões de uma consciência de culpa sobre ações pretéritas infelizes (Franco, 1997, p:32). Os complexos de culpa quanto a ações desta ou de outras vidas, atuando de modo muitas vezes inconsciente, seriam significativos fatores de desajuste psíquico (Franco, 2000b, p:31). Por isso há uma valorização da conduta ética e, ao invés da culpa perturbadora, enfatiza-se o conceito de responsabilidade, mediante o qual “a colheita se deriva da semeadura, sem qualquer expressão fatalista do sofrimento” (2000a, p.:43).
As obsessões também são incluídas entre as etiologias dos transtornos mentais, por outro lado é informado que aquelas podem ser conseqüências destes.
“(...) os estados depressivos que proporcionam pensamentos pessimistas e nefastos (...) abrem brechas para a instalação de obsessões danosas, quando não de fenômenos que deterioram a máquina celular, propiciando a instalação de doenças variadas”.(Franco, 1999, p:59).
Na busca do reequilíbrio, há uma grande ênfase numa conduta e pensamentos éticos como geradores de uma ascendência salutar do espírito sobre o corpo (Franco, 1999, p:57-62). Mas essa busca da virtude se daria por um real desejo de aprimoramento e não por mecanismos de repressão que seriam fomentadores de “dissimulação e indignidade disfarçada de virtude” (Franco, 2000c, p:7). A cura real e definitiva se daria pelo aprimoramento intelecto-moral do espírito ao longo das diversas encarnações (Franco, 1999, p:65-9).
“A saúde mental somente é possível quando o Self, estruturado em valores éticos nobres, compreende a finalidade precípua da existência humana, direcionando os seus sentimentos e conhecimentos em favor da ordem, do progresso, do bem-estar de toda a sociedade”. (Franco, 2002a, p:113).
São valorizados o desenvolvimento de objetivos existenciais transcendentes e a busca constante, mas sem ansiedade, destas metas. “Sem uma visão espiritual da existência física, a própria vida permaneceria sem sentido ou significado”(Franco, 1995, p:9). Há uma valorização da religião que liberta do medo e da ansiedade e “proporciona a coragem natural para o auto-enfrentamento, tornando-se terapêutica e geradora de saúde”. Por outro lado, destaca-se que a religião não deve servir de “fuga psicológica para o indivíduo poupar-se ao enfrentamento dos seus conflitos, dos processos de libertação do sofrimento” (Franco, 2002a, p:178)
O maior modelo de “Homem Integral” seria Jesus, um “exemplo da perfeita identificação da anima com o animus”, tendo “desenvolvido todas as aptidões herdadas de Deus” (Franco, 1990, p:8; 2000, p:9-10). Apesar de existirem tipos paradigmáticos, cada ser deve se empenhar na busca de si mesmo, num processo de individuação, que seria a caminhada para se tornar um ser “total, original e único que liberta a consciência das constrições mais vigorosas do Inconsciente dominador, (...) integrando-o à consciência atual”. (Franco, 1997, p:92-4).
“Ninguém se encontraria reencarnado na Terra não tivesse a existência física uma finalidade superior.(...) Etapa a etapa, são realizados progressos que se fixam mediante os hábitos que se incorporam à individualidade(...)
Erros e acertos constituem recurso de desdobramento da consciência para logros mais grandiosos (...) (Franco, 1997, p:27)
O homem saudável não é aquele que se encontra extático, aparentemente triunfador sobre as situações enfrentadas, mas quem permanece lutando, sempre disposto a avançar com os olhos postos no futuro para onde avança.”(Franco, 1999, p:38)
A busca do autoconhecimento seria uma etapa fundamental na transformação evolutiva do espírito pois favoreceria “a recuperação, quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de valores intrínsecos latentes”. Para que seja logrado o autodescobrimento, iluminando a sombra, alguns requisitos seriam imprescindíveis: “insatisfação pelo que se é ou como se encontra; desejo sincero de mudança; persistência no tentame; disposição para aceitar-se e vencer-se; capacidade para crescer emocionalmente” (Franco, 1995, p:9-13).
A autoconquista, somente possível ao longo de diversas encarnações, permitiria a superação dos mecanismos de fuga, de transferência de responsabilidade, de rejeição e o enfrentar-se sem acusação (Franco, 1993, p:151-2).
“O homem maduro psicologicamente vive a amplidão infinita das aspirações do bom, do belo, do verdadeiro, e, esvaído do ego, atinge o self, tornando-se homem integral, ideal, no rumo do infinito.” (Franco, 1993, p:28).
OBS: Parte do artigo “Visão Espírita dos Transtornos Mentais”.
FONTE: http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/A_autores/Almeida_Alexander_LotufoNeto_Francisco_tit_Visao_Espirita_dos_Transtornos_Mentais.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário