Por
que primeiro a humildade
Jesus Cristo nunca se
cansou de combater o orgulho e de enaltecer a humildade, virtude da qual Ele, o
Mestre, deu vários exemplos, consoante evangelhos.
A humildade, um dos valores essenciais da Alma, estimula-nos a examinar as fraquezas enquanto o orgulho, ou sentimento de amor-próprio exagerado, o grande estorvo da elevação espiritual do homem e a razão de suas desventuras, evita observá-las. “Pobreza de espírito”, ou “humildade de espírito”, ou “humildade de coração”, quer dizer: modéstia, simplicidade, pureza, daí, Jesus ter priorizado esse dispositivo.
A humildade, um dos valores essenciais da Alma, estimula-nos a examinar as fraquezas enquanto o orgulho, ou sentimento de amor-próprio exagerado, o grande estorvo da elevação espiritual do homem e a razão de suas desventuras, evita observá-las. “Pobreza de espírito”, ou “humildade de espírito”, ou “humildade de coração”, quer dizer: modéstia, simplicidade, pureza, daí, Jesus ter priorizado esse dispositivo.
O Evangelho segundo
Mateus corrobora nossa afirmativa: “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois
que deles é o reino dos céus”... (Mateus, 5:3.) Não foi à toa que o Mestre
falou assim logo de início no sermão do monte. Os Espíritos têm frequentemente
se assentado, em suas mensagens escritas ou faladas, via mediúnica, nesse
primeiro item das promessas de Cristo. Essa redundância está na razão direta da
primazia de se ser humilde antes de tudo, mas de coração; não se
pode, pois, ser realmente caridoso sem “pobreza”, ou “humildade”, de espírito.
O sentimento exagerado
de alguns chega ao absurdo de pensar que Deus discrimina o pobre do rico. Para
o nosso Pai Eterno, somos todos iguais: não há diferença entre o sangue que
corre nas veias de uma rainha e o que corre nas veias de uma simples dona de
casa; o organismo físico dos Sumos Pontífices não difere do organismo de
ninguém!
E por falar em
vigários, uma vez, um deles que costumava desmerecer o Espiritismo, os
fenômenos espíritas e até criticar Chico Xavier, sempre que oportuno, ao tentar
dar uma opinião, durante um programa de grande audiência de uma emissora de TV,
falou deste jeito: “Bem, de acordo com a humildade que me caracteriza...” Não
preciso dizer que isso motivou ditos chistosos, gracejos, comentários. É tolice
a pessoa considerar-se superior por pertencer à alta hierarquia social,
achar-se melhor que outras só porque é branca ou negra, ou de outra cor; só
porque nasceu nesse ou naquele país, é adepta ou representa essa ou aquela religião,
uma seita. Ora, se hoje possuímos alta posição, se pertencemos a essa ou àquela
nacionalidade, se a nossa pele é dessa ou daquela cor, se cremos assim ou
assado, amanhã poderemos ser completamente diferentes de acordo com as medidas
impositivas da Lei de Causa e Efeito.
As leis divinas
encerram muita sabedoria, Deus nada faz de inútil, daí as reencarnações
regeneradoras. Ele, em Sua absoluta sapiência e equidade, planejou o reencontro
das mesmas pessoas para que estas adquirissem nova chance de reparos e não
alegassem depois, com a troca das anteriores condições, ignorância de tais e
tais fatos.
A humildade e caridade,
segundo o Espírito Lacordaire, é uma virtude muito desprezada entre os homens.
Em sua opinião, apresentar-se com uma, e sem a outra, é o mesmo que vestir belo
traje de talhe perfeito para ocultar uma deformidade física. Disse: “Sem
humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís”. *
Pois é. O significado
dessa palavra varia. Existem homens e mulheres que, à primeira vista, nos
encantam pela simplicidade: a aparência, a profissão, o cargo que ocupam,
enfim, a posição social, econômica. Nas mais das vezes, porém, nada têm a ver
com humildes de coração. Outros parecem a doçura em pessoa, humildes no
falar; no entanto, se contrariados, mal podem esconder a extremada arrogância,
a prepotência. A humildade não possui duas caras, é afável, fraterna.
Também podemos incluir
como contrastes da verdadeira humildade outros exemplos. Refiro-me a pobres ou
miseráveis que mendigam pelas ruas e a alguns ignorantes do saber, mas que são
orgulhosos. Todavia, há homens de grandes posses e pessoas que ocupam cargos
importantes, alguns dos quais sábios mesmos; a modéstia e o altruísmo que lhes
caracterizam envergonhariam a ignorância assoberbada em andrajos ou em vestes
limpas, requintadas, se esta os enxergasse pelo altruísmo que praticam sem
vanglória, pela simplicidade.
Sócrates, filósofo
grego, há quinhentos anos antes de Cristo, declarou não saber absolutamente de
tudo. Ele, o modelo dos sábios, disse: “Sei que nada sei”. Jesus, símbolo da
humildade e bondade, sequer insinuou ser Deus: nunca exigiu mesuras de
pretensos sacerdotes Seus em altares floridos, recamados de ouro, ou nos palcos
espetaculosos dos megacultos televisivos, tampouco alimentou a vaidade de Se
considerar chefe de uma religião ou do que quer que seja. No pretório,
questionado por Pilatos — “és rei?” —, respondeu-lhe
tranquilamente sem nenhuma insolência: “tu dizes que sou”... (João, 19:37.)
Portanto, gente,
humildade, força moral por excelência, nivela todos os homens como irmãos e os
estimula à prática mútua do bem; orgulho, ao contrário, uma fraqueza: dispersa,
odeia, revida e faz o homem sucumbir ante a menor das contrariedades,
sentindo-se permanentemente infeliz. Ser humilde é ser corajoso durante os
reveses da vida, é perseverar no combate às próprias más tendências, é,
portanto, vencer os obstáculos naturais, mas sem revolta, sem violência,
perdoando a quem nos ofenda, trabalhando, servindo abnegada e incessantemente —
isso é ser humilde conforme Jesus.
* Jean-Baptiste-Henri Lacordaire
(1802/1861) foi um sacerdote e católico dominicano, membro da Academia
Francesa. Veja mensagem sua, ditada em 1863, em Constantina, Argélia, inserida
em O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. VII, item 11, O orgulho e a humildade.
FONTE: http://www.oconsolador.com.br/ano3/142/davilson_silva.html
DAVILSON
SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
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