A Folha Espírita entrevistou o Dr. José Roberto Pereira Santos
(Secretário da AME-Brasil),
reumatologista e médico intensivistado.
Folha Espírita – O que é o sonambulismo?
José
Roberto Pereira Santos – A palavra sonambulismo
origina-se do latim somnus = sono + ambulare = marchar, passear. O transtorno
de sonambulismo diz respeito a episódios repetidos de comportamento motor
complexo iniciado durante o sono, freqüentemente durante a primeira terça parte
do sono. Nos episódios leves, o indivíduo pode simplesmente sentar-se na cama,
olhar em volta ou se remexer no leito. Mais tipicamente, o indivíduo levanta-se
da cama, podendo ir ao banheiro, sair do quarto, subir ou descer escadas e
mesmo sair de casa. Pode usar o banheiro, comer e falar durante os episódios,
que duram, em sua maior parte, de alguns minutos a meia hora. No entender da
Medicina, o sonambulismo é tratado como uma parassonia. As parassonias são
fenômenos físicos compreensíveis, que acompanham o sono e envolvem atividade
muscular esquelética ou mudanças do sistema nervoso autônomo, ou ambas.
FE – E
pelo lado espiritual?
Santos
– Segundo o conhecimento trazido pelos espíritos (O Livro dos
Espíritos, questão 425), o sonambulismo “é um estado de independência do
espírito (emancipação da alma), mais completo do que no sonho, estado em que
maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que
não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito”. Esta é a
descrição do sonambulismo natural, que é um fenômeno produzido espontaneamente.
Existem algumas pessoas dotadas de uma organização especial que podem, através
de ações magnéticas, entrar em estado sonambúlico, que nesse caso é denominado
sonambulismo magnético.
FE – Por
que as pessoas que são sonâmbulas levantam, fazem coisas, mas não se lembram de
nada depois?
Santos
– Uma das características do sonambulismo é que, ao ser
despertado do episódio, ou pela manhã, quando acorda, o indivíduo tem amnésia
para o episódio. Tal fato não tem uma explicação satisfatória pela ciência
médica. De acordo com as elucidações espíritas, no sonambulismo, o espírito
está na posse plena de si mesmo. Os órgãos materiais, achando-se de certa forma
em estado de catalepsia, deixam de receber as impressões exteriores (O Livro
dos Espíritos, questão 425). O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio
espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora
dos limites dos sentidos (O Livro dos Médiuns, item 172). No sonambulismo,
portanto, o cérebro físico não é envolvido nas percepções do episódio. Quem
percebe é o corpo espiritual, e é uma percepção bem mais ampliada do que no
sonho, em que as percepções têm a participação do cérebro físico. Como não há
registro cerebral das impressões, o indivíduo não se recorda de nada, ao
acordar.
FE –
Existe alguma semelhança entre sonambulismo e atividade mediúnica inconsciente?
Se sim, explique o que acontece com o espírito nos dois casos...
Santos
– O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio espírito e
exprime o seu próprio pensamento, enquanto o médium inconsciente exprime o
pensamento de outrem, ou seja, é instrumento de uma inteligência estranha.
Segundo O Livro dos Médiuns (item 172), o espírito que se comunica com um
médium também o pode fazer com um sonâmbulo. Muitos sonâmbulos vêem
perfeitamente os espíritos e os descrevem com tanta precisão quanto os médiuns
videntes. Podem confabular com eles e transmitir-nos seus pensamentos (ver item
173 de O Livro dos Médiuns). Nesse caso, pode-se considerar o sonambulismo como
uma variedade da faculdade mediúnica, mas não uma mediunidade inconsciente. O
processo de sonambulismo magnético, induzido por passes energéticos, é
utilizado por alguns grupos mediúnicos, mormente aqueles que têm treinamento
com a técnica da apometria (desdobramento magnético), para intensificar as
percepções medianímicas dos médiuns.
FE – Ouvimos
muito falar que as pessoas sonâmbulas são, geralmente, adolescentes. Isso é
verdade? Por quê?
Santos
– Não. O sonambulismo ocorre com maior freqüência entre os 4 e 12
anos de idade, e sua ocorrência diminui a partir dos 15 anos, sendo mais raro
no adulto. Como causa do sonambulismo no adulto, devem ser afastados alguns
distúrbios médicos como: síndrome da apnéia do sono, uso ou abuso do álcool,
doença febril, privação do sono, gravidez e medicamentos específicos (carbonato
de lítio e agentes com efeitos anticolinérgicos).
FE – Mas
há uma explicação sobre o porquê de ocorrer com maior freqüência entre 4 e 12
anos?
Santos – Não li, até hoje, nenhuma explicação para essa ocorrência, mas com o conhecimento espírita entendemos que nada ocorre por acaso e nenhum atributo da alma (nesse caso o sonambulismo) aparece para prejuízo de alguém. Acredito que a ocorrência do processo em crianças é uma oportunidade de aprendizado do espírito, na fase infantil da encarnação (em que se encontra mais influenciável aos exemplos e ensinamentos), nos momentos de maior desprendimento espiritual do sonambulismo, em que pode receber instruções e diretrizes dos bons espíritos para uma melhor evolução.
Santos – Não li, até hoje, nenhuma explicação para essa ocorrência, mas com o conhecimento espírita entendemos que nada ocorre por acaso e nenhum atributo da alma (nesse caso o sonambulismo) aparece para prejuízo de alguém. Acredito que a ocorrência do processo em crianças é uma oportunidade de aprendizado do espírito, na fase infantil da encarnação (em que se encontra mais influenciável aos exemplos e ensinamentos), nos momentos de maior desprendimento espiritual do sonambulismo, em que pode receber instruções e diretrizes dos bons espíritos para uma melhor evolução.
FE – O
sonâmbulo corre riscos? Deve haver sempre alguém por perto? Se sim, por quê?
Santos – Riscos existem. Acidentes como quedas de janelas e de escadas, ou acidentes com objetos pontiagudos ou de vidro podem ocorrer. Não é sempre que os pais percebem as “caminhadas” da criança e, portanto, alguns cuidados devem ser tomados para garantir a segurança do sonâmbulo: evitar o uso de beliches e camas altas, trancar portas que possam levar as crianças para fora de casa, fechar ou colocar grades em janelas, impedir o acesso para escadas e esconder objetos pontiagudos ou que possam machucar as crianças.
Santos – Riscos existem. Acidentes como quedas de janelas e de escadas, ou acidentes com objetos pontiagudos ou de vidro podem ocorrer. Não é sempre que os pais percebem as “caminhadas” da criança e, portanto, alguns cuidados devem ser tomados para garantir a segurança do sonâmbulo: evitar o uso de beliches e camas altas, trancar portas que possam levar as crianças para fora de casa, fechar ou colocar grades em janelas, impedir o acesso para escadas e esconder objetos pontiagudos ou que possam machucar as crianças.
FE – Como
ficam essas crianças que, durante o sonambulismo, se atiram de prédios, vindo a
desencarnar? Não existe proteção espiritual nesse caso?
Santos
– A ocorrência de traumatismos durante o sono ocorre geralmente em
adultos. Nesses casos deve ser afastada a associação com a ingestão de álcool.
Nos casos de crianças é importante recordar que elas são espíritos encarnados
com um passado de realizações positivas e negativas. No momento do
sonambulismo, estado em que a alma encontra-se mais emancipada do que no sono,
a alma desprendida, caso esteja em consonância vibratória com as regiões
espirituais inferiores, pode sofrer maior interferência de espíritos
obsessores, através de técnicas hipnóticas, que influenciam o espírito do
sonâmbulo no comando da atividade mecânica do seu corpo físico, conforme as
suas orientações. Por isso, devemos recomendar às crianças sonâmbulas e aos
seus pais a prática da oração antes do sono, solicitando a proteção dos bons
espíritos, bem como uma vivência familiar diária, baseada em uma orientação
cristã. O culto evangélico no lar, qualquer que seja a orientação religiosa da
família, é um excelente instrumento de equilíbrio familiar, colaborando de
forma positiva para uma melhor ambiência em que vive o sonâmbulo.
FONTE: http://www.amebrasil.org.br/html/duv_sonamb.htm
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