sábado, 6 de abril de 2013

TVP - Brian Weiss


Terapia de vida passada

Brian L. Weiss

É grande o número de pessoas que dizem ter encontrado na TVP (Terapia de Vidas Passadas) a solução que buscavam há muito tempo para medos, traumas ou dificuldade em lidar com determinadas pessoas ou situações, ou melhor, sensações de origem inexplicável na vida atual.

Mistérios que a Ciência oficial ainda busca compreender, mas que ainda está distante de aceitar que as experiências e lembranças podem ficar armazenadas para sempre nos “arquivos” do espírito. Um vasto acervo de memória guardado no cofre do tempo e que o nosso estágio evolutivo não permite, ainda, compreender tamanha complexidade.
Há estudos que mostram que no velho Egito, sacerdotes-médicos já utilizavam o desdobramento espiritual (projeção da consciência) dos enfermos pela indução magnética para que ampliassem a percepção e conseguissem atingir as causas profundas de seus males. Mas na atualidade, foi com os avanços da psicologia transpessoal, que leva em conta o aspecto espiritual do indivíduo, que a TVP – como é conhecida a Terapia de Vidas Passadas – ganhou maior força. O intercâmbio de conhecimento entre a cultura ocidental e oriental também permitiu o crescimento da terapêutica.
Das técnicas utilizadas pela psicanálise de Freud para a expansão da consciência até a regressão de memória e, posteriormente, a vidas passadas, ocorreram grandes evoluções a respeito, mas é preciso caminhar muito, ainda, para que finalmente corpo e alma entrem em plena conexão.

Embora exista maior divulgação sobre regressões obtidas por intermédio de indução terapêutica, com aplicação de técnicas que promovam estados alterados de consciência, há também aqueles que afirmam terem se recordado de fatos importantes relacionados a existências anteriores através de sonhos. Mas neste caso, vamos abordar apenas as regressões de memória promovidas por especialistas. A terapia utilizada de forma correta e séria possibilita que o paciente, durante as sessões terapêuticas, possa entrar em contato com as lembranças traumáticas que influenciam na atualidade determinados comportamentos, e conseqüentemente, consiga se libertar de padrões estabelecidos em diversas existências.

Os especialistas dizem que a TVP é indicada como um recurso importante na compreensão e superação desses desequilíbrios, mas, assim como qualquer outro tratamento, não funciona como mágica capaz de resolver os problemas de todos os pacientes. Além disso, o tratamento deve ser aplicado por profissionais capacitados e não por qualquer pessoa. É o que alerta a dra. Maria Júlia Peres, considerada a precursora da Terapia de Vidas Passadas no Brasil e fundadora do Instituto Nacional de Pesquisa e Terapia Regressiva Vivencial Peres. Ela associa a terapia cognitivo-comportamental ao uso do estado modificado de consciência, promovido pelo relaxamento físico e mental do paciente. A associação das técnicas permite um processo de auto-resolução dos conflitos interiores e uma reprogramação dos padrões mentais do paciente.

O psiquiatra e conceituado escritor norte-americano, Brian Weiss, especialista em Terapia de Vidas Passadas ressalta, também, sobre o cuidado no momento de escolher o terapeuta adequado, um que saiba diferenciar a imaginação do paciente de uma verdadeira regressão. “Recordo de um paciente que achava que tinha sido Napoleão. Ele via batalhas, uniformes e estratégias de guerra. Nós checamos e os fatos eram realmente reais, mas ele não foi Napoleão, mas um soldado de seu exército e estava, inclusive, a alguns metros dele. Como na vida atual ele era um pessoa que sentia necessidade de poder, acabou fazendo uma distorção da realidade”, relata.

Em recente visita ao Brasil para o lançamento de seu novo livro, Muitas Vidas Uma Só Alma, Brian Weiss concedeu uma entrevista exclusiva a Revista Cristã de Espiritismo.

Dr. Weiss é o autor de vários livros que bateram recordes de vendas, todos baseados em sua experiência como psiquiatra e terapeuta de vidas passadas. Formado pela Columbia University e pela Yale Medical School, Brian L. Weiss M.D. foi diretor do Departamento de Psiquiatria do Mount Sinai Medical Center em Miami.

O médico, que era cético em relação à existência da reencarnação, diz ter mudado sua visão de vida há 25 anos, após um caso de regressão com uma de suas pacientes, durante uma sessão de hipnose. O caso é relatado no livro Muitas Vidas Muitos Mestres, que se tornou recorde de vendas. A partir desse episódio, Brian Weiss passou a trabalhar com terapia de vidas passadas. Em todos esses anos de experiência, foram mais de quatro mil pacientes atendidos, além de um grande número de palestras por diversos países do mundo.

Em geral como é a visão dos americanos em relação à espiritualidade?

Brian Weiss - Está mudando, existem cada vez mais pessoas interessadas no assunto nos EUA. Esse novo conceito vai contra o movimento fundamentalista e ultra-religioso que predomina. Porque religiosidade e espiritualidade são coisas diferentes. A pessoa pode ser extremamente religiosa, mas não ser espiritualizada. Ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas que buscam a espiritualidade, aumenta também a influência, principalmente política, do fundamentalismo, um grupo perigoso, com uma visão fechada a respeito das coisas e que acredita ser dono da verdade. Porém, há nos EUA muitos grupos diferentes, ou seja, diversas correntes de pensamentos.

Os americanos falam sobre Espiritismo?

Sim, de certa forma, mas não como no Brasil, onde a crença é centrada na codificação de Kardec. Eles falam sobre espiritualidade, mas em âmbito mais amplo e geral, o que engloba também outras correntes espiritualistas.

A influência do Protestantismo também está crescendo nos EUA?

Sem dúvida, está crescendo. Para mim a espiritualidade está diretamente relacionada ao amor, independente da religião. A compaixão, a não-violência e a empatia podem estar presentes em qualquer tradição religiosa. Às vezes, penso que o protestantismo está tentando se tornar um só sistema, o que é perigoso demais, porque faz com que as pessoas deixem de ter a mente aberta e se tornem seguidores sem lógica.

Em sua opinião, a Ciência está próxima de provar a existência do espírito?

É difícil medir isso cientificamente, porque hoje em dia tudo é feito com testes de DNA, mas clinicamente é possível verificar um aperfeiçoamento. É fato que existem pessoas se curando de diversos problemas através das memórias de vidas passadas. Quando a pessoa consegue se recordar de uma vida passada, é seu espírito que lembra e não seu corpo, por isso seria difícil comprovar cientificamente, testando-se o cérebro e o DNA. Até agora tem se provado a existência do espírito clinicamente, mas nunca foi utilizado um exame de sangue para isso. Então, ninguém pode provar que funciona através da química cerebral, embora possa ser observada a melhora desses pacientes. É isso que a terapia de vidas passadas e a análise psíquica tem em comum. São técnicas similares que promovem a melhora ou até mesmo, o desaparecimento de sintomas físicos, medos e problemas mentais.

O senhor acredita que algum dia as escolas ensinarão aos alunos temas ligados à natureza espiritual como a reencarnação?

Hoje em dia esse é um assunto importante nos EUA. O país tem a tradição de não ensinar religião nas escolas, eles chamam isso de separação entre a Igreja e o Estado. Na minha opinião é provavelmente o melhor caminho, porque a religião está entrando nas escolas de uma forma errada. Talvez, inserir religião na escola seja uma tarefa mais complicada do que tira-la, porque muitas vezes, dirigentes ignorantes querem impor sua religião. Portanto, seria melhor deixar a religião de lado e deixar essa tarefa para os pais.

Com relação à regressão, ela pode ocorrer sem a interferência de um terapeuta?

Claro que sim, isso acontece o tempo todo. Podemos nos recordar de vidas passadas de forma detalhada por meio dos sonhos. Pode ocorrer, também, quando a pessoa viaja para algum lugar no qual nunca esteve antes e sabe onde tudo se localiza, como se já estivesse estado lá outras vezes. Então existem os sonhos, as memórias espontâneas e o “déjá vu”, expressão de origem francesa que significa “já visto”.

É aconselhável que apenas alguém formado em medicina trabalhe com terapia de vidas passadas ou um médium também atuar nesta área?

São duas coisas diferentes. O médium pode até falar sobre vidas passadas, mas é completamente diferente quando a própria pessoa experimenta e sente novamente as emoções vivenciadas no passado. Nos EUA não temos muitos médiuns, então, não são exatamente eles que fazem isso, mas podem existir pessoas que não possuem treinamento em TVP e isso atrapalha na interpretação de informações. Porque muitos fatos podem ter sentido metafórico ou serem apenas fruto da imaginação. Se o paciente apresentar algum problema psicológico mais significativo, vai precisar de um terapeuta para ajudá-lo a lidar com as emoções revividas.

Existe perigo da pessoa não voltar da hipnose adequadamente?

Eu acredito que não, porque mesmo na hipnose, o subconsciente é muito protetor e não permite que aconteça algo que a pessoa não possa lidar.

Qual foi sua intenção ao escrever o livro A Cura Através da Terapia de Vidas Passadas?

Foi para mostrar as pessoas e ao meio científico que é possível a cura dessa forma. O livro Muitas Vidas Muitos Mestres teve muita repercussão, especialmente entre a comunidade acadêmica, mas entre os psicólogos e psiquiatras houve muita crítica. Então, quis escrever um livro para mostrar que esse assunto é mais importante e sério do que parece. A obra A Cura Através da Terapia de Vidas Passadas relata vários casos de pessoas que obtiveram melhora por meio da regressão. Mostra, também, para que serve e como fazer. Minha intenção foi permitir que médicos e cientistas entendessem o que é exatamente essa terapia e que realmente existe uma sólida base clínica para isso.

Poderia citar algum caso de experiência com regressão a vidas passadas?

Existe um caso famoso sobre uma mulher nos EUA. Ela teve uma memória de uma vida passada na antiga Jerusalém e nessa vida recente, sofreu por dezessete anos com um problema severo de dor nas costas, em conseqüência de um câncer que teve. A cirurgia e os tratamentos radioativos causaram danos em suas costas. Através da lembrança de uma vida passada em Jerusalém e das referências a Jesus nessa época por meio da regressão, ela descreveu sua vida com muitos detalhes. Sua forte dor nas costas desapareceu quando se lembrou desses fatos importantes.

E seu livro mais recente, o Muitas Vidas, Uma só Alma, que além de vidas passadas também aborda vidas futuras?

O livro aborda sobre vidas passadas e o processo de cura, mas também sobre vidas futuras. Muitos dos meus pacientes passaram a penetrar no futuro espontaneamente. Eu dizia a eles: “Vá até onde está o problema” e muitas vezes eles se reportavam ao futuro, não apenas ao passado. Eu estava fazendo pesquisa a respeito de sonhos do futuro (pré-cognitivos) e descobri que muitos de meus pacientes que passaram por uma Experiência de Quase-morte desenvolveram a capacidade de sonhar com o futuro. A partir desse fato, cheguei a conclusão de que, se alguns deles, com essas Experiências Quase-morte podiam fazer isso, outros pacientes, através da hipnose, poderiam também e descobri que realmente podem. Muitos dos meus pacientes puderam se reportar não apenas a fatos futuros dessa vida, mas das próximas existências.

Mas o futuro é algo dinâmico...

O tempo só existe aqui nesse mundo. Os estudos da física quântica, por exemplo, mostram que existem dimensões paralelas. Tudo é energia.

Eu acredito que quanto mais as pessoas mudam nessa vida, mais suas vidas mudarão, porque o futuro não é fixo. É como admite a física moderna, existem muitos mundos paralelos. Então, passei a trabalhar mais com vidas futuras, porém nunca esquecendo das vidas passadas, porque ambas estão conectadas.

Poderia citar algum caso?

Eu fiz muitas pesquisas nessa área, levando indivíduos até o futuro. Posso citar o caso de um pai que estava muito preocupado com sua filha porque ela tinha leucemia. Ele “foi” ao futuro e conseguiu ver seus netos, que seriam filhos dela. Então ele sabia que sua filha iria sobreviver. Ao conseguir vislumbrar o futuro, o pai passou a sentir menos medo, se tornou mais amoroso com a filha e ela respondeu a esse estímulo e realmente obteve a cura.

Outro trabalho que fiz, ainda nesta área, foi levar grupos de pessoas em conferências a um futuro distante. Depois essas pessoas responderam a um questionário relatando suas experiências. Eu fiz isso com milhares de pessoas e chegamos a um consenso desses relatos, principalmente os que dizem respeito a mil anos à frente. Os relatos descreviam um mundo muito bonito, sem doenças, violência e com uma população menos numerosa que atualmente.

É importante ressaltar que no caso de experiências futuras trabalhamos com possibilidades e probabilidades. As pessoas enxergam o futuro mais provável, porque não podemos nos esquecer que temos livre-arbítrio, ou seja, poder de escolha que determinará nosso futuro.

Gostaria de deixa uma mensagem aos leitores da Revista Cristã de Espiritismo?

Eu estive em muitos países e acredito que o Brasil seja um dos lugares mais espiritualizados do mundo, mais até do que a Índia, que já foi bastante, mas as coisas mudaram.

Espero que os brasileiros continuem nesse caminho, porque o Brasil pode ser uma luz para o mundo nesses tempos de escuridão. É importante jamais nos esquecermos de que a alma é o que realmente importa, que nossa real natureza é espiritual e não física. Somos seres espirituais e nós vivemos nessa escola por um tempo, mas não há morte, a alma continua sempre viva.

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