Relacionamentos
por
Andrée Samuel
Há
várias formas de relacionamentos e há também várias qualidades de
relacionamentos. O que a Psicossíntese nos convida a fazer quando questionamos
nossas relações com o mundo à nossa volta e com os outros é fazermos uma pausa,
respirar, para entrar em contato com o nosso espaço sagrado interior e assim
ter uma oportunidade de contato conosco num nível que transcenda o do
consciente imediato e dos nossos condicionamentos.
Esta
atitude promove e favorece, de início, o reconhecimento da multiplicidade de
EUs que habitam o nosso Ser e que, no mais das vezes, se relacionam de modo
conflitante – uma parte querendo eliminar a outra! À medida que tomamos
consciência destas nossas várias vozes internas e que as reconhecemos, podemos
então começar o trabalho de aceitação de sua presença ouvindo qual é a sua
necessidade e procurando atender a esta necessidade de um modo mais
satisfatório e pleno. Assim ajudamos estes vários EUs a trabalhar em conjunto,
colaborando uns com os outros em prol de um maior equilíbrio da personalidade
como um todo visando a uma harmonia do Ser.
Este
é o trabalho que a Psicossíntese propõe como um primeiro passo para a viagem do
auto-conhecimento.
Quanto
mais pudermos desenvolver um contato íntimo conosco mesmos, mais e melhor
poderemos estabelecer relações com o mundo à nossa volta.
Por
que isto? Simplesmente porque, se não nós conhecermos naquilo que se constitui
como um limite para a nossa expressão no mundo e também naquilo que temos como
potencialidades e qualidades já reconhecidas a oferecer ao mundo, teremos uma
visão muito limitada e limitante de nós mesmos e, conseqüentemente, dos outros.
Ao aprendermos a conhecer-nos, a saber melhor de nossa dinâmica interior,
tomando consciência daquilo que fazemos "contra" nós mesmos – não
porque queremos, mas porque ainda não sabemos fazer diferente – podemos então
resgatar nossa responsabilidade a respeito de nós mesmos e de nossas vidas,
retomando as rédeas de nossas vidas em nossas mãos e não mais sendo um objeto
passivo dos condicionamentos familiares, sociais, culturais, religiosos, etc..
Neste reconhecimento de como funcionamos na vida, é fundamental também
reconhecermos aquilo que fazemos "a favor" de nós mesmos – assim
abrimos o leque de nossa manifestação no mundo de modo mais concreto e mais
honesto conosco mesmos.
O
que a Psicossíntese propõe é uma re-educação à Luz da consciência. É a
possibilidade de conectarmo-nos com o nosso Eu Maior, o Eu Superior, para ouvir
esta voz de sabedoria e direcionar a vida a partir de escolhas mais genuínas do
Ser e não mais para atender àquilo que imaginamos ser a expectativa do outro a
nosso respeito. Esta relação de maior clareza e de respeito conosco mesmos,
expande-se naturalmente em nossas relações com os outros. Quanto mais nós nos
abrimos para uma compreensão de nossos processos internos e colocamo-nos
disponíveis para trabalhar na transformação daquilo que nos emperra na vida,
que bloqueia a nossa expressão natural e espontânea, mais nos abrimos para
aceitar os outros do modo como eles se apresentam a cada momento da vida.
Aprendemos assim a conviver com as diferenças de uma maneira mais construtiva e
mais saudável. O exercício a que o processo de auto-conhecimento nos remete é
exigente quanto à nossa atenção e observação de como estamos a cada momento,
como estamos respirando, o que estamos pensando, fazendo, sentindo – são estas
perguntas, acompanhando-nos em nosso dia a dia, que nos dão a chave para a
ampliação da consciência em relação ao nosso relacionamento conosco mesmos e com
os outros.
FONTE: http://www.psicossintese.org.br/Artigos/Relacionamentos.asp
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