Trabalho apresentado no Seminário de saúde mental da AME-SP, no ano de 2006, em São Paulo, SP; e no II Congresso de Saúde e Espiritualidade de MG, em agosto de 2007, na Faculdade de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte, MG. (Carlos Eduardo Sobreira Maciel – carlos.amemg@hotmail.com ).
I – Introdução
Aspectos clínicos: a depressão é uma doença crônica e para que se faça o seu diagnóstico leva-se em conta a presença de um complexo sindrômico ( com 2 semanas de duração): sintomas psíquicos(humor depressivo, anedonia, desânimo, diminuição da concentração e do raciocínio); sintomas fisiológicos (alterações do sono, do apetite e do interesse sexual); alterações de comportamento (crises de choro, retraimento social, agitação ou lentificação psicomotora, comportamento auto-lesivo).
Segundo dados estatísticos, a depressão ocupa o 2º lugar no mundo como problema mental, perdendo apenas para os transtornos ansiosos. Representa 30% de todas as consultas médicas em qualquer especialidade. É uma doença muito freqüente (2-19% da população) e tende a aumentar progressivamente ao longo dos próximos anos. Segundo a OMS, em 2020 a depressão será a segunda causa de incapacitação social, só perdendo para as doenças coronarianas. Faz-se urgente, a necessidade de melhor compreendermos as suas causas mais profundas e as possibilidades terapêuticas mais eficazes. Faz-se urgente que compreendamos a depressão como uma doença da alma.
II – Causas
Considerando a etiopatogenia da depressão, temos dentro de uma abordagem espiritual, dois grandes grupos de depressão: As depressões de fundo carmático (onde há um importante fator genético) e as depressões reativas (causadas por fatores ambientais, experiências de vida).
As primeiras se originam de ações moralmente doentias do espírito, em uma ou diversas encarnações, nas quais prejudicou a si e a terceiros, acarretando uma reencarnação onde há a escolha de material genético comprometido, predisposto à depressão. Já as segundas são desencadeadas por situações vividas na atual encarnação que levam ao adoecimento da tristeza.
É importante lembrar que obsessão espiritual também pode causar depressão. Os obsessores podem provocar depressão dos dois grupos. Atuando diretamente no material genético, seja no momento da fecundação (na escolha do óvulo e do espermatozóide) ou na mutação do zigoto, provocando a predisposição à depressão. E atuando na vida do indivíduo, aumentando a sua carga de estresse, provocando depressões do segundo grupo.
Também não podemos nos esquecer que a depressão antes de tudo é um processo auto-obsessivo, pois na realidade, há uma situação de rebeldia do espírito, cuja energia destrutiva é voltada contra si…os sintomas e sinais do deprimido apontam para esta direção: foge da luz, retraído; anorexia; insone; comportamento auto-lesivo….
III – Tratamento da depressão
Há no indivíduo deprimido, alterações bioquímicas no seu cérebro que explicam todos os sintomas da depressão. São as deficiências de neurotransmissores tais como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Os medicamentos antidepressivos corrigem estas deficiências. Mas apesar de sua eficácia comprovada e do alívio e conforto para o paciente, trata-se ainda de um tratamento de “superfície”, de um tratamento das conseqüências da depressão no corpo físico.
IV -Recursos terapêuticos espíritas para a depressão
Podemos nos perguntar como aprofundar no tratamento da depressão, além do alcance dos psicofármacos?
Há pesquisas e estudos em diversos locais do mundo que demonstram a importância da religiosidade na saúde das pessoas, independente da religião que se professa. Aqui então encontraremos recursos terapêuticos espíritas para tratamento da depressão, na certeza de que a Doutrina dos espíritos é o consolador prometido por Jesus.
1- Estudo doutrinário: que leva a criatura a uma maior compreensão de Deus e de Suas leis. A simples constatação da existência de Deus já alivia e conforta o homem e sustenta a sua esperança, combatendo importantes sintomas depressivos tais como a desesperança e a angústia.
A compreensão de suas leis, em especial da lei de causa e efeito, promove uma modificação importante na postura do deprimido diante da vida. Ele deixa de se ver como vítima do destino, abandonado pelas benesses divinas e por isto um grande sofredor, reconhecendo que todos nós somos donos do nosso rumo, portanto retira do outro as suas responsabilidades…o paciente se implica no processo de cura, se responsabilizando pelas causas e pela participação ativa no tratamento.
A Doutrina espírita, que tem Jesus como exemplo maior, estimula o autoconhecimento e a reforma íntima, levando a criatura ao tratamento das causas mais profundas das doenças. À medida que promove a sua reforma, o próprio espírito amplia as suas condições íntimas e melhora o seu estado vibracional, quebrando a sintonia com obsessores. E também adquire força mental capaz de atuar diretamente no campo material. Pode atuar no RNA (parte do código genético presente no citoplasma e passível de mutações) eliminando a predisposição genética à depressão, e no cérebro, melhorando as suas condições bioquímicas, produzindo maior quantidade de neurotransmissores, aprimorando a sensibilidade dos receptores e melhorando a sensibilidade do organismo aos efeitos dos medicamentos.
2- Prece: “Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o universo, absorvendo-lhe as reservas” Emmanuel (Pensamento e vida).
Há 2 tipos de oração: As proferidas pelo próprio necessitado e as intercessórias. Nas primeiras a atividade mental do paciente faz surgir novas energias que atuam no campo celular, modificando o funcionamento bioquímico. Muitos trabalhos científicos realizados com a ajuda da neuroimagem demonstraram que, durante a prece, ocorrem mudanças em certas áreas cerebrais (córtices parietais anteriores e pré-motores), levando a liberação de substâncias como as endorfinas, que produzem sensação de prazer e bem-estar, combatendo os sintomas depressivos, anedonia e mal-estar geral.
Quanto às orações intercessórias, os resultados da pesquisa realizada pelo doutor Carlos Eduardo Tosta (professor de imunologia da Faculdade de Medicina – Universidade de Brasília) demonstram a sua eficácia: 52 estudantes de medicina foram divididos em 26 duplas e tiveram seus sistemas imunológicos avaliados. Fotos de um estudante de cada dupla foram entregues a religiosos, os quais fizeram preces por eles sem que os mesmos soubessem disto. 36 meses depois, novos exames foram realizados e verificou-se que os estudantes que receberam as preces intercessórias tiveram alterações positivas em seus sistemas imunológicos, ao contrário daqueles que não receberam.
Não podemos nos esquecer da importância da prece feita pelo profissional de saúde, abrindo espaço para o auxílio de entidades superiores, as quais auxiliam no diagnóstico e no tratamento.
Portanto a espiritualidade e os estudos científicos apontam para a mesma direção: a prece pode beneficiar um paciente, mesmo quando feita por terceiros
3- Fluidoterapia: André Luiz, nas obras psicografadas por Chico Xavier, se referiu à técnica da fluidoterapia (passes e água fluidificada) como sendo “uma transfusão de energia alterando o campo celular”. A fluidoterapia é a utilização de recursos magnéticos dos encarnados associados aos recursos de outros planos da vida, os quais podem atuar no corpo físico e no corpo espiritual.
O biólogo Ricardo Monesi, da UNIFESP, defende em sua tese de doutorado que essa prática funciona como tratamento complementar nos distúrbios orgânicos e psicológicos. Há alguns anos ele vem fazendo experiências com imposição de mãos em camundongos. O biólogo observou que os animais que recebem este tratamento por 5 dias consecutivos apresentam aumento da capacidade de destruir células cancerígenas.
No caso da água fluidificada,o passista imanta a água com suas melhores energias, através da imposição de mãos e/ou da mentalização. Ela absorve esses recursos facilmente, como encontramos em diversos trabalhos publicados recentemente, entre eles o livro do professor Emoto, do Japão, sobre a capacidade da água de absorver energias sutis.
Novamente temos aqui a convergência de trabalhos científicos e dos espíritos: podemos utilizar a fluidoterapia no tratamento da depressão através do consumo da água fluidificada de aplicações específicas de passes (o departamento de assistência espiritual do Hospital espírita André Luiz, em Belo Horizonte, vem desenvolvendo um interessante programa de tratamento com passes específicos para cada patologia psiquiátrica e com isto tem auxiliado o trabalho dos terapeutas daquela casa).
4- Atendimentos mediúnicos: Através da mediunidade, o paciente deprimido pode receber orientações espirituais de conforto e tratamento desobsessivo. Considerando que a obsessão é um processo de sintonia mental e que o paciente quando em crise depressiva se encontra com a estrutura emocional e os pensamentos desequilibrados, ou seja, uma “antena defeituosa”, temos uma predisposição aos processos obsessivos, os quais agravam a depressão.
Vimos que a obsessão pode ser um fator causador ou agravante desta patologia, e por isto deve ser dado uma atenção especial a esta situação.
5- O atendimento fraterno: oportunidade de esclarecimento ao doente e aos seus familiares de que a terapêutica espírita é complementar e não exclusiva e excludente, ou seja, não seria a única forma de se tratar e nem dispensaria a assistência profissional necessária.
6- Atividades de promoção social: as casas espíritas possuem várias atividades de auxílio aos necessitados. Tais tarefas são uma oportunidade de aprendizado para aqueles que se dispõem a realizá-las. O contato com a dor do outro pode nos sensibilizar, dando-nos a verdadeira dimensão do nosso mal. Estas atividades podem despertar o deprimido, fazendo com que modifique seu comportamento.
V – Conclusão
Os limites da medicina são um convite a uma ampliação dos nossos conhecimentos. O tratamento médico psiquiátrico atual é feito com medicamentos que atuam nas delicadas estruturas do sistema nervoso central. Através da compreensão da realidade do espírito observamos a ampliação do conceito de cura e entendemos que para se chegar a ela é preciso profundas mudanças na vida, no comportamento, para modificar a raiz do problema, a causa localizada nos tecidos mais sutis do indivíduo, no corpo espiritual.
A proposta médico-espírita é de um aprofundamento do conhecimento das causas da depressão e do seu tratamento, no sentido da auto-cura.
Recomendamos que haja no cuidado do paciente deprimido, além dos tratamentos médico e psicológico, um estímulo a religiosidade, respeitando as crenças individuais.
Afinal, como disse o mentor Joseph Gleber, no livro “O Homem Sadio”:
“Saúde é a real conexão da criatura com o criador”
Referências em destaque Joseph Gleber – “O Homem Sadio – uma nova visão
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