terça-feira, 24 de janeiro de 2012

As diversas reencarnações de Chico Xavier

Chico Xavier
No livro “Chico, Diálogos e Recordações”, o autor Carlos Alberto Braga realiza um trabalho sério e dedicado por quatro anos com Arnaldo Rocha, que teve quase 50 anos de convivência com Chico Xavier. Arnaldo revelou uma série de reencarnações de si mesmo e de “Nossa Alma Querida”, como se refere a Chico. Arnaldo Rocha foi o doutrinador de um grupo de desobsessão que Chico Xavier participava. O nome era “Grupo Coração Aberto”, onde muitas revelações sobre vidas passadas na história planetária foram reveladas.
O resultado do trabalho pode ser parcialmente visto nos livros “Instruções Psicofônicas” e “Vozes do Grande Além”. Dentre várias encarnações de Francisco Cândido Xavier, algumas já foram elucidadas:
Hatshepsut (Egito) (aproximadamente de 1490 AC a 1450 AC)
Era uma farani – feminino de faraó – que herdou o trono egípcio em função da morte do irmão. A regência dela foi muito importante para o Egito, já que suspendeu os processos bélicos e de expansão territorial. Trouxe ao povo um pensamento intrínseco e mais religioso. Viveu numa época em que surgiram as escritas nos papiros, o livro dos mortos. Hatshepsut foi muito respeitada e admirada pelo povo egípcio. Obesa e diabética, com câncer nos ossos, desencarnou em torno dos 40 anos, por causa de uma infecção generalizada. Hatshepsut foi a primeira faraó (mulher) da história. Governou o Egito sozinha por 22 anos, na época o Estado era um dos mais ricos.
Chams (Egito) (por volta de 800 AC)
Rainha do Egito durante o império babilônico de Cemirames. Vários amigos de Chico Xavier também estavam encarnados na época, como Camilo Chaves, o próprio Arnaldo Rocha e Emmanuel, que era sacerdote e professor de Chams.
Sacerdotisa (Delphos-Grécia) (cerca de 600 AC)
Não se tem registros de qual o nome Chico Xavier recebeu nesta encarnação. Ela se tornou sacerdotisa por causa do tio (Emmanuel reencarnado), que a encaminhou para a sacerdotisação.
Lucina (Roma-Itália) (aproximadamente 60 AC)
Lucina era casada com o general romano chamado Tito Livonio (Arnaldo Rocha reencarnado), nos tempos da revolução de Catilina. Nesta jornada, Lucina teve como pai Publius Cornelius Lentulus Sura, senador romano, avô de Publius Cornelius Lentulus (Emmanuel).
Flavia Cornélia (Roma-Itália) (de 26 DC a 79 DC)
Nesta encarnação, Chico Xavier era filha do senador romano Publius Cornelius Lentulus (Emmanuel). Arnaldo Rocha confidenciou que quando Chico se lembrava da reencarnação de Flavia sentia muitas dores, porque ela teve hanseníase. Também se percebia um forte odor que se exalava.
Lívia (Ciprus, Massilia, Lugdunm e Neapolis) (de 233 DC a 256 DC)
Foi abandonada numa estrada e achada por um escravo, que trabalhava como afinador de instrumento, e tinha o nome de Basílio (Emmanuel reencarnado). Ele a adota e coloca o nome de Lívia – ler Ave Cristo. Nesta ocasião, Arnaldo Rocha era Taciano, um homem casado que tinha uma filha chamada Blandina (Meimei reencarnada).
Certa vez, os três se encontraram e Taciano chegou a propor uma relação conjugal com Lívia, que era casada com Marcelo Volusian.
Quando a proposta foi feita, Lívia alertou que todos tinham um compromisso assumido, tanto Taciano com sua esposa, quanto ela com o seu marido.
Na oportunidade, Lívia disse: “Além de tudo, nós temos que dar exemplo a essa criança. Imagina ela ter uma referência de pais que abandonam esses compromissos.
Confiemos na providência divina porque nos encontraremos em Blandina num futuro distante”, numa clara alusão ao primeiro encontro entre Arnaldo Rocha e Chico Xavier, na Rua Santos Dumont, em Belo Horizonte, em 1946, quando o médium revelou as mensagens de Meimei do Plano Espiritual.
Clara (França) (por volta de 1150 DC)
Chico Xavier, quando esteve na França, foi nas ruínas dos Cátaros e se lembrou quando, em nome da 1ª Cruzada, toda uma cidade foi às chamas. Essa lembrança foi dolorosa para Chico. No século seguinte, a 2ª Cruzada foi coordenada por Godofredo de Buillon (Rômulo Joviano encarnado – patrão de Chico Xavier na Fazenda Modelo em Pedro Leopoldo), que tinha um irmão chamado Luis de Buillon (Arnaldo Rocha reencarnado), casado com Cecile (Meimei ou Blandina reencarnada). Godofredo e Luis tinham mais um irmão, com o nome de Carlos, casado com Clara (Chico Xavier, reencarnado).
Meimei, no livro “Meimei Vida e Mensagem”, de Wallace Leal Rodrigues, descreve todos esses nomes, sem falar das reencarnações, e se refere a Chico como quem tem o afeto das mães, numa clara citação das várias encarnações femininas que teve o médium: “… Meu afeto ao Carlos, Dorothy, Lucilla, Cleone e a todos os que se encontram mencionados em nossa história, sem me esquecer do Chico, a quem peço continue velando por nós com o afeto das mães, cuja ternura é o orvalho bendito, alertando-nos para viver, lutar e redimir” (mensagem psicofônica de Meimei pelo médium Chico Xavier, em 13 de agosto de 1950).
Lucrezja di Colonna (Itália) (Século XIII)
Nesta encarnação, Chico Xavier nasceu na família de Colonna, assim como Arnaldo Rocha, que era Pepino de Colonna, e Clóvis Tavares, na época Pierino de Colonna. Os três viveram na época de Francisco de Assis e tiveram contatos, encarnados, com este espírito iluminado.
Joanne D’Arencourt (Arras-França) (Século XVIII)
Joanne D’Arencourt fugiu da perseguição durante a Revolução Francesa sob a proteção de Camile Desmoulins (Luciano dos Anjos, reencarnado). Veio desencarnar tuberculosa em Barcelona em 1789.
Joana de Castela (Espanha) (1479 a 1556)
Joana de Castela era filha de reis católicos – Fernando de Aragão (Rômulo Joviano, encarnado) e Isabel de Castela. Casou-se com Felipe El Hermoso, neto de Maximiliano I, da Áustria, da família dos Habsburgos. O casamento foi político, mas apressado pelo grande amor que existia. Desde criança, Joana via espíritos e, por viver numa sociedade católica, era considerada como louca. Com a desencarnação dos pais de Joana, o marido Felipe e, o pai dele, Felipe I (Arnaldo Rocha reencarnado) disputavam o trono.
Para evitar que Joana de Castela assumisse, acusaram ela de louca, porque via e falava com os espíritos. Depois que Felipe desencarnou, Joana foi enclausurada por 45 anos em Tordesilhas, na Espanha. A dor era muito grande, mas o que a consolava era o contato com os espíritos. A clausura tem muita relação com a vida de Chico Xavier. Foi uma espécie
de preparação para o que viria. Chico sempre foi muito popular, mas fazia questão de sair do foco para que a Doutrina Espírita fosse ressaltada.
Ruth Céline Japhet (Paris-França) Encarnação anterior à de Chico
Xavier (1837/1885)
Sua infância lembra os infortúnios de Chico Xavier, tal a luta que empreendeu pela saúde combalida. Era médium desde pequena, mas só por volta dos 12 anos começou a distinguir a realidade entre este mundo e o espiritual. Na infância, confundia os dois. Acamada por mais de dois anos, foi um magnetizador chamado Ricard quem constatou que ela era médium (sonâmbula, na designação da época), colocando-a em transe pela primeira vez. Filha de judeu, Ruth Céline Japhet contribuiu com Allan Kardec para trabalhar na revisão de “O Livro dos Espíritos” e do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, durante as reuniões nas casas dos Srs. Roustan e Japhet. Isso pode explicar por que Chico sabia, desde pequeno, todo o Evangelho. Em palestra proferida em Niterói no dia 23 de abril, o médium Geraldo Lemos Neto citou este fato: “Desde quando ele tinha cinco anos de idade, Chico guardava integralmente na memória as páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. A história de Chico Xavier todos nós sabemos. Ele somente veio ter contato com a Doutrina Espírita aos 17 anos de idade”, finalizou.
Para contrariar o pressuposto de que Chico Xavier foi Allan Kardec, o próprio médium mineiro relatou a admiração pelo codificador em carta publicada no livro “Para Sempre Chico Xavier”, de Nena Galves: “Allan Kardec vive. Esta é uma afirmativa que eu quisera pronunciar com uma voz que no momento não tenho, mas com todo o meu coração repito: Deus engrandeça o nosso codificador, o codificador da nossa Doutrina. Que ele se sinta cada vez mais feliz em observar que as suas idéias e as suas lições permanecem acima do tempo, auxiliando-nos a viver. É o que eu pobremente posso dizer na saudação que Allan Kardec merece de todos nós.
Sei que cada um de nós, na intimidade doméstica, torná-lo á lembrado e cada vez mais honrado não só pelos espíritas do Brasil, mas de todo o mundo. Kardec vive”.
PUBLICADO NO JORNAL CORREIO ESPÍRITA EM JUNHO DE 2010
FONTE: http://chico-xavier.com/2010/09/18/as-diversas-reencarnacoes-de-chico-xavier/

Autismo, Neurônios-espelho e Marcas Espirituais


Publicado em

 Trabalho apresentado no MEDINESP, Congresso Médico-Espírita Nacional e Internacional, realizado em junho de 2007, São Paulo, SP. (Carlos Eduardo Sobreira Macielcarlos.amemg@hotmail.com ).
0 – Introdução:
Estamos há 150 anos buscando uma integração cérebro-mente –espírito e ao analisarmos a história das descobertas e avanços científicos percebemos que ela é permeada por acidentes e coincidências inacreditáveis, o que nos revela que não estamos sós nesta jornada.
No que se refere ao autismo, temos bons exemplos disto: dois homens em lugares distintos, numa mesma época, sem se comunicarem, dão o mesmo nome à doença e 50 anos depois as células doentes do autismo são descobertas acidentalmente…
I – História:
Na década de 40, dois médicos, o psiquiatra americano Leo Kanner e o pediatra austríaco Hans Asperger, descobriram o distúrbio de desenvolvimento que afeta milhares de crianças em todo o mundo. Foi uma descoberta isolada – nenhum dos dois sabia o que o outro pesquisava, e ambos deram o mesmo nome à síndrome: Autismo. Foi considerada uma “coincidência inacreditável”, mas fica claro que houve uma intervenção do plano espiritual ao nos convidar para dar mais atenção àquelas crianças e ampara-las no seu sofrimento.
A palavra autismo vem do grego autos, que significa “de si mesmo”. O nome é perfeito. O traço mais flagrante da doença é o isolamento do mundo exterior, com a conseqüente perda de interação social. Em vez de dedicar-se à exploração do mundo exterior, como acontece normalmente, a criança autista permanece dentro das fronteiras de seu próprio universo pessoal.
II – Conceito, quadro clínico e epidemiologia:
Segundo a OMS, o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo funcionamento anormal em três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo.
O comprometimento da interação social é observado na falta de empatia, na falta de resposta às emoções de outras pessoas e no retraimento social.
Já o comprometimento da comunicação é percebido na falta de uso social da linguagem, na falta de linguagem não-verbal, na pobreza de expressão verbal e no comprometimento em jogos de imitação.
O autista também apresenta um comportamento restrito e repetitivo, o que pode ser observado através de estereotipias motoras e preocupações estereotipadas com datas, horários e itinerários.
Podem também existir sintomas inespecíficos como fobias, auto-agressão, ataques de birra e distúrbios alimentares.
Há deficiência mental em cerca de ¾ dos casos, embora todos os níveis de Q.I. possam ocorrer em associação com o autismo. Às vezes há capacidade prodigiosa para funções como memorização, cálculo e música.
Segundo recentes publicações da Revista Brasileira de Psiquiatria, publicação da ABP, alguns autores sugerem que o diagnóstico já pode ser estabelecido por volta dos 18 meses de idade. Outras informações epidemiológicas mostram que há de 1a 5 casos em cada 10.000 crianças e que a doença ocorre em meninos 2 a 3 vezes mais do que em meninas.
III – Causas:
A maioria dos casos de autismo tem causa desconhecida. Alguns casos são presumivelmente decorrentes de alguma condição médica das quais infecções intra-uterinas (como a rubéola congênita), doenças genéticas (como a síndrome do x frágil) e ingestão de álcool durante a gravidez (provocando a síndrome fetal alcoólica) estão entre as mais comuns.
IV – Neurônios-espelho:
Descobertas científicas recentes apontam para um defeito nos neurônios-espelho como causa do autismo. Estes neurônios são um subconjunto de células que refletem no cérebro do observador os atos realizados por outro indivíduo (se eu pego um objeto, alguns neurônios são ativados em meu cérebro; se eu observo o indivíduo pegando o objeto, os mesmos neurônios são ativados em meu cérebro como se eu estivesse pegando o objeto).
Os neurônios-espelho foram descobertos, acidentalmente, no início da década de 90 por pesquisadores italianos da Universidade de Parma, que estudavam um determinado tipo de neurônio motor de macacos. Este neurônio disparava quando o macaquinho pegava uma fruta e para surpresa de todos, disparou também quando ele observou um dos pesquisadores pegar a fruta, como se ele mesmo estivesse pegando-a para comer.
Uma série de experimentos realizados posteriormente demonstrou a existência destes neurônios no cérebro humano. Portanto podemos dizer que através dos neurônios-espelho, nós podemos compreender “visceralmente” um ato observado. Nós sentimos a experiência vivida por outro em nossas mentes. Mas não é só esta a função destes neurônios.
Diversos estudos realizados nas Universidades da Califórnia e College de Londres e no centro de Pesquisa Jülich, na Alemanha, demonstraram as funções de reconhecimento de intenções dos atos, de emoções vividas por outra pessoa (então se uma pessoa te diz: “eu sei o que você está sentindo”, talvez ela não saiba o quanto esta frase é verdadeira) e o importante papel de aprendizado por imitação de novas habilidades, como a linguagem por exemplo.
A partir do final da década de 90, pesquisadores da Universidade da Califórnia se empenharam em determinar uma possível conexão entre neurônios-espelho e autismo, já que ficou demonstrada a associação entre essas células e empatia, percepção dos atos e intenções alheios e aprendizado da linguagem, funções deficientes nos autistas.
V – O sistema espelho “quebrado”:
E realmente, estudos realizados na Universidade de Saint Andrews, na Escócia, Universidade de tecnologia de Helsinque, na Finlândia, além dos estudos na Universidade da Califórnia, provaram que a atividade dos neurônios-espelho dos autistas é reduzida em diversas áreas cerebrais:
- No córtex cingulado anterior e insular, o que pode explicar a ausência de empatia;
- No córtex pré-motor, o que pode explicar a sua dificuldade de perceber atos alheios;
- E no giro angular, explicando problemas na linguagem.
VI – Marcas espirituais – patogênese remota:
Apesar dos avanços científicos, o autismo permanece um mistério, um desafio, um enigma que só se revelará mais claramente ao nosso entendimento a partir da introdução da realidade espiritual.
Já se sabe que disfunções neurológicas (como as disfunções dos neurônios-espelho) produzem repercussões de natureza autística, mas continuaremos com a pergunta maior: que causas produzem as disfunções neurológicas? Se a responsabilidade for atribuída aos genes, a pergunta se desloca e se reformula assim: que causas produzem desarranjos nos complexos encaixes genéticos?
Segundo a literatura médico-espírita e orientações mediúnicas recebidas no GEEP da Associação, o autismo como outros graves distúrbios mentais (psicoses por ex.) resulta de graves desvios de comportamento no passado, de choques frontais com as leis que regem o universo. Então, o que antecede à predisposição genética e às disfunções neurológicas são as graves faltas pretéritas.
Entre o passado de faltas e as presentes alterações genéticas, neurológicas e mentais do autismo encontramos uma ponte que liga estes dois momentos distintos. Esta ponte é o próprio processo de reencarnação. Aqui se encontra a formação do autismo. Há duas possibilidades ou vias de ligação:
1a O reencarnante com profundas lesões perispirituais produzindo alterações neurológicas e a conseqüente formação do autismo.
2a O reencarnante rejeita a reencarnação levando à formação do autismo.
Na 1a possibilidade, a consciência do reencarnante marcada pela culpa, acarretou severos danos no perispírito e conseqüentes lesões no SNC. Há uma incapacidade de organizar um corpo sadio na atual encarnação. Neste caso a entidade espiritual fica aprisionada no corpo deficiente, sem conseguir estabelecer comunicação. Esta possibilidade ou via de formação do autismo é defendida por alguns estudiosos que acreditam que certos autistas, constituem angustiantes tentativas de se entender com o mundo externo. Há casos de autistas que alcançaram certa melhora e relataram que muitas vezes entendiam o que as pessoas lhe diziam, mas não sabiam como responder verbalmente. Recorriam, por isto, aos gritos e ao agitar das mãos, único mecanismo de comunicação que dispunham.
Na outra possibilidade, via ou ponte de ligação entre passado de faltas e autismo, temos o indivíduo com a consciência marcada pela culpa, temendo colher os frutos em uma nova existência compulsória, rejeitando a reencarnação, provocando autismo. No livro “Loucura e obsessão”, de Manoel Philomeno de Miranda, temos a confirmação da hipótese de rejeição à reencarnação. Nos capítulos 7 e 18, o Dr. Bezerra de Menezes explica que o indivíduo com a consciência culpada é reconduzido à reencarnação e acaba buscando o encarceramento orgânico para fugir sem resgatar as graves faltas do passado. Trata-se de um vigoroso processo de auto-obsessão, por abandono consciente da vida. Conclui dizendo que muitos espíritos buscam na alienação mental, através do autismo, fugir às suas vítimas e apagar as lembranças que o atormentam.
VII - Marcas espirituais – os sintomas:
Considerando a possibilidade de rejeição à reencarnação podemos fazer uma nova leitura dos sintomas autísticos. Começando pelo isolamento, sinal de que o autista não admite invasões em seu mundo; como porém, a participação mínima do lado de cá da vida é inevitável, sua manifestação se reduz a alguns movimentos repetitivos como agitar as mãos, girar indefinidamente um prato ou a roda de um brinquedo, qualquer coisa enfim, que mantenha a mente ocupada com rotinas irrelevantes que o livrem do convívio entre as pessoas.
Uma explicação possível para o sintoma autista de girar sobre si mesmo, seria a produção de tonteira através da rotação, provocando um passageiro desdobramento entre perispírito e corpo físico, livrando a criança, momentaneamente, da prisão celular.
As crianças autistas muitas vezes manifestam rejeição a alguma parte do corpo, através de auto-agressão. Isso pode ser um sinal de rejeição à própria personalidade.
Quanto à relação ambígua consigo mesma, manifestada pela troca dos pronomes pessoais (referindo-se a si mesma como “tu” e ao outro como “eu”), podemos pensar na possibilidade de obsessão espiritual, já que com os desacertos do passado, muitos são os desafetos.
Uma análise mais profunda da disfunção da linguagem, pode ser feita a partir da hipótese proposta por Hermínio Miranda em seus livros “A alquimia da mente” e “Autismo, uma leitura espiritual”. Segundo o autor, normalmente ao reencarnar, o espírito se instala à direita do cérebro e por 2 ou 3 anos passa para o hemisfério esquerdo a programação da personalidade daquela encarnação. Neste período é formado o mecanismo da linguagem. No caso do autismo o espírito permanece –autísticamente- no lado direito, área não-verbal do cérebro, sem participar deste processo. É natural que este ser que vem compulsoriamente, sem interesses em envolver-se com as pessoas e o mundo, torne o seu sistema de comunicação com o ambiente, o mais rudimentar e precário possível. Encontramos informações que reforçam esta hipótese:
-1a sabe-se que o corpo caloso, estrutura que liga os dois hemisférios cerebrais, não desempenha durante os primeiros 2 ou 3 anos de vida, a função de separar faculdades dos dois hemisférios.
-2a a partir do segundo ou terceiro ano de vida é que o hemisfério esquerdo assume a linguagem.
-3a o autismo eclode até o terceiro ano de vida quando se percebe uma interrupção do desenvolvimento da linguagem.
Parece então que até os 2-3 anos as crianças vão se comunicando através dos 2 hemisférios, e a partir de então só se comunica quem tiver implantado no h.esquerdo esta função, o que não acontece com o autista.
VIII – Tratamentos:
O autismo é um quadro de extrema complexidade que exige abordagens multidisciplinares, visando a questão educacional e da socialização, assim como o tratamento médico.
O tratamento médico é realizado com medicamentos para reduzir sintomas como agitação e agressividade.
É importante dizer que pesquisas têm sido dirigidas no sentido de se encontrar medicamentos que estimulem a liberação de neurotransmissores específicos ou reproduzam os seus efeitos. Neurotransmissores que sejam responsáveis pelo funcionamento químico dos neurônios-espelho.
Do ponto de vista do espírito, por mais paradoxal que possa parecer, o remédio para o autismo é o próprio autismo como forma de drenagem perispiritual.
IX – Prognóstico:
Alguns pacientes autistas conseguem alcançar um certo nível de autonomia. A literatura mostra que alguns fatores estão ligados a um melhor prognóstico:
1- Significativa destreza verbal adquirida antes de instalada a doença.
2- Diagnóstico precoce e concentração de esforços tão cedo quanto possível. Tratamento e terapia devem ser iniciados quando a anormalidade é observada na criança pela 1a vez.
X – Conclusão:
Na certeza de que a diferença mais importante entre nós e nossos pacientes está em um pouco mais de boa vontade de nossa parte, e isto foi dito mais de uma vez pelo nossos mentores, cito mais uma vez o sr Hermínio Miranda para concluir este trabalho.
É necessário construir uma ponte para ligar o mundo externo ao mundo íntimo do paciente. É importante que não nos comportemos de forma autística, nos fechando nos nossos mundos de clichês, cheios de padrões, desinteressados em andar metade do caminho, na direção do paciente.
Uma possibilidade é tentar interpretar os seus sinais não-verbais. É bem verdade que não há muitas palavras no dicionário deles, mas a linguagem universal do amor também é não-verbal. Para se expressar através dela, há os gestos, a vibração sutil da emoção, da solidariedade, da paciência, da aceitação da pessoa como ela é, não como queremos que ela seja.
Se estivéssemos no lugar deles, como gostaríamos de ser tratados? É presumível que eles estejam fazendo tudo que lhes seja possível, dentro de suas limitações. Com um pouco de boa vontade de nossa parte, talvez concordem em tocar a mão que lhe estejamos oferecendo a fim de saltarem o abismo que nos separa!
 
XI – Referências bibliográficas:
1- Revista Scientific American
2- Revista Brasileira de Psiquiatria
3- CID 10
4- Autismo, uma leitura espiritual – Herminio Miranda
5- Alquimia da Mente – Herminio Miranda
6- Orientações mediúnicas, Grupo de Estudos de Espiritismo e Psiquiatria da AMEMG
FONTE: http://amemg.com.br/category/dr-carlos-eduardo-sobreira-maciel/

ABORDAGEM MÉDICO-ESPÍRITA DA DEPRESSÃO



Trabalho apresentado no Seminário de saúde mental da AME-SP, no ano de 2006, em São Paulo, SP; e no II Congresso de Saúde e Espiritualidade de MG, em agosto de 2007, na Faculdade de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte, MG. (Carlos Eduardo Sobreira Macielcarlos.amemg@hotmail.com ).

I – Introdução

Aspectos clínicos: a depressão é uma doença crônica e para que se faça o seu diagnóstico leva-se em conta a presença de um complexo sindrômico ( com 2 semanas de duração): sintomas psíquicos(humor depressivo, anedonia, desânimo, diminuição da concentração e do raciocínio); sintomas fisiológicos (alterações do sono, do apetite e do interesse sexual); alterações de comportamento (crises de choro, retraimento social, agitação ou lentificação psicomotora, comportamento auto-lesivo).

Segundo dados estatísticos, a depressão ocupa o 2º lugar no mundo como problema mental, perdendo apenas para os transtornos ansiosos. Representa 30% de todas as consultas médicas em qualquer especialidade. É uma doença muito freqüente (2-19% da população) e tende a aumentar progressivamente ao longo dos próximos anos. Segundo a OMS, em 2020 a depressão será a segunda causa de incapacitação social, só perdendo para as doenças coronarianas. Faz-se urgente, a necessidade de melhor compreendermos as suas causas mais profundas e as possibilidades terapêuticas mais eficazes. Faz-se urgente que compreendamos a depressão como uma doença da alma.

II – Causas

Considerando a etiopatogenia da depressão, temos dentro de uma abordagem espiritual, dois grandes grupos de depressão: As depressões de fundo carmático (onde há um importante fator genético) e as depressões reativas (causadas por fatores ambientais, experiências de vida).

As primeiras se originam de ações moralmente doentias do espírito, em uma ou diversas encarnações, nas quais prejudicou a si e a terceiros, acarretando uma reencarnação onde há a escolha de material genético comprometido, predisposto à depressão. Já as segundas são desencadeadas por situações vividas na atual encarnação que levam ao adoecimento da tristeza.

É importante lembrar que obsessão espiritual também pode causar depressão. Os obsessores podem provocar depressão dos dois grupos. Atuando diretamente no material genético, seja no momento da fecundação (na escolha do óvulo e do espermatozóide) ou na mutação do zigoto, provocando a predisposição à depressão. E atuando na vida do indivíduo, aumentando a sua carga de estresse, provocando depressões do segundo grupo.

Também não podemos nos esquecer que a depressão antes de tudo é um processo auto-obsessivo, pois na realidade, há uma situação de rebeldia do espírito, cuja energia destrutiva é voltada contra si…os sintomas e sinais do deprimido apontam para esta direção: foge da luz, retraído; anorexia; insone; comportamento auto-lesivo….

III – Tratamento da depressão

Há no indivíduo deprimido, alterações bioquímicas no seu cérebro que explicam todos os sintomas da depressão. São as deficiências de neurotransmissores tais como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Os medicamentos antidepressivos corrigem estas deficiências. Mas apesar de sua eficácia comprovada e do alívio e conforto para o paciente, trata-se ainda de um tratamento de “superfície”, de um tratamento das conseqüências da depressão no corpo físico.

IV -Recursos terapêuticos espíritas para a depressão

Podemos nos perguntar como aprofundar no tratamento da depressão, além do alcance dos psicofármacos?

Há pesquisas e estudos em diversos locais do mundo que demonstram a importância da religiosidade na saúde das pessoas, independente da religião que se professa. Aqui então encontraremos recursos terapêuticos espíritas para tratamento da depressão, na certeza de que a Doutrina dos espíritos é o consolador prometido por Jesus.

1- Estudo doutrinário: que leva a criatura a uma maior compreensão de Deus e de Suas leis. A simples constatação da existência de Deus já alivia e conforta o homem e sustenta a sua esperança, combatendo importantes sintomas depressivos tais como a desesperança e a angústia.

A compreensão de suas leis, em especial da lei de causa e efeito, promove uma modificação importante na postura do deprimido diante da vida. Ele deixa de se ver como vítima do destino, abandonado pelas benesses divinas e por isto um grande sofredor, reconhecendo que todos nós somos donos do nosso rumo, portanto retira do outro as suas responsabilidades…o paciente se implica no processo de cura, se responsabilizando pelas causas e pela participação ativa no tratamento.

A Doutrina espírita, que tem Jesus como exemplo maior, estimula o autoconhecimento e a reforma íntima, levando a criatura ao tratamento das causas mais profundas das doenças. À medida que promove a sua reforma, o próprio espírito amplia as suas condições íntimas e melhora o seu estado vibracional, quebrando a sintonia com obsessores. E também adquire força mental capaz de atuar diretamente no campo material. Pode atuar no RNA (parte do código genético presente no citoplasma e passível de mutações) eliminando a predisposição genética à depressão, e no cérebro, melhorando as suas condições bioquímicas, produzindo maior quantidade de neurotransmissores, aprimorando a sensibilidade dos receptores e melhorando a sensibilidade do organismo aos efeitos dos medicamentos.

2- Prece: “Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o universo, absorvendo-lhe as reservas” Emmanuel (Pensamento e vida).

Há 2 tipos de oração: As proferidas pelo próprio necessitado e as intercessórias. Nas primeiras a atividade mental do paciente faz surgir novas energias que atuam no campo celular, modificando o funcionamento bioquímico. Muitos trabalhos científicos realizados com a ajuda da neuroimagem demonstraram que, durante a prece, ocorrem mudanças em certas áreas cerebrais (córtices parietais anteriores e pré-motores), levando a liberação de substâncias como as endorfinas, que produzem sensação de prazer e bem-estar, combatendo os sintomas depressivos, anedonia e mal-estar geral.

Quanto às orações intercessórias, os resultados da pesquisa realizada pelo doutor Carlos Eduardo Tosta (professor de imunologia da Faculdade de Medicina – Universidade de Brasília) demonstram a sua eficácia: 52 estudantes de medicina foram divididos em 26 duplas e tiveram seus sistemas imunológicos avaliados. Fotos de um estudante de cada dupla foram entregues a religiosos, os quais fizeram preces por eles sem que os mesmos soubessem disto. 36 meses depois, novos exames foram realizados e verificou-se que os estudantes que receberam as preces intercessórias tiveram alterações positivas em seus sistemas imunológicos, ao contrário daqueles que não receberam.

Não podemos nos esquecer da importância da prece feita pelo profissional de saúde, abrindo espaço para o auxílio de entidades superiores, as quais auxiliam no diagnóstico e no tratamento.

Portanto a espiritualidade e os estudos científicos apontam para a mesma direção: a prece pode beneficiar um paciente, mesmo quando feita por terceiros

3- Fluidoterapia: André Luiz, nas obras psicografadas por Chico Xavier, se referiu à técnica da fluidoterapia (passes e água fluidificada) como sendo “uma transfusão de energia alterando o campo celular”. A fluidoterapia é a utilização de recursos magnéticos dos encarnados associados aos recursos de outros planos da vida, os quais podem atuar no corpo físico e no corpo espiritual.

O biólogo Ricardo Monesi, da UNIFESP, defende em sua tese de doutorado que essa prática funciona como tratamento complementar nos distúrbios orgânicos e psicológicos. Há alguns anos ele vem fazendo experiências com imposição de mãos em camundongos. O biólogo observou que os animais que recebem este tratamento por 5 dias consecutivos apresentam aumento da capacidade de destruir células cancerígenas.

No caso da água fluidificada,o passista imanta a água com suas melhores energias, através da imposição de mãos e/ou da mentalização. Ela absorve esses recursos facilmente, como encontramos em diversos trabalhos publicados recentemente, entre eles o livro do professor Emoto, do Japão, sobre a capacidade da água de absorver energias sutis.

Novamente temos aqui a convergência de trabalhos científicos e dos espíritos: podemos utilizar a fluidoterapia no tratamento da depressão através do consumo da água fluidificada de aplicações específicas de passes (o departamento de assistência espiritual do Hospital espírita André Luiz, em Belo Horizonte, vem desenvolvendo um interessante programa de tratamento com passes específicos para cada patologia psiquiátrica e com isto tem auxiliado o trabalho dos terapeutas daquela casa).

4- Atendimentos mediúnicos: Através da mediunidade, o paciente deprimido pode receber orientações espirituais de conforto e tratamento desobsessivo. Considerando que a obsessão é um processo de sintonia mental e que o paciente quando em crise depressiva se encontra com a estrutura emocional e os pensamentos desequilibrados, ou seja, uma “antena defeituosa”, temos uma predisposição aos processos obsessivos, os quais agravam a depressão.

Vimos que a obsessão pode ser um fator causador ou agravante desta patologia, e por isto deve ser dado uma atenção especial a esta situação.

5- O atendimento fraterno: oportunidade de esclarecimento ao doente e aos seus familiares de que a terapêutica espírita é complementar e não exclusiva e excludente, ou seja, não seria a única forma de se tratar e nem dispensaria a assistência profissional necessária.

6- Atividades de promoção social: as casas espíritas possuem várias atividades de auxílio aos necessitados. Tais tarefas são uma oportunidade de aprendizado para aqueles que se dispõem a realizá-las. O contato com a dor do outro pode nos sensibilizar, dando-nos a verdadeira dimensão do nosso mal. Estas atividades podem despertar o deprimido, fazendo com que modifique seu comportamento.

V – Conclusão

Os limites da medicina são um convite a uma ampliação dos nossos conhecimentos. O tratamento médico psiquiátrico atual é feito com medicamentos que atuam nas delicadas estruturas do sistema nervoso central. Através da compreensão da realidade do espírito observamos a ampliação do conceito de cura e entendemos que para se chegar a ela é preciso profundas mudanças na vida, no comportamento, para modificar a raiz do problema, a causa localizada nos tecidos mais sutis do indivíduo, no corpo espiritual.

A proposta médico-espírita é de um aprofundamento do conhecimento das causas da depressão e do seu tratamento, no sentido da auto-cura.

Recomendamos que haja no cuidado do paciente deprimido, além dos tratamentos médico e psicológico, um estímulo a religiosidade, respeitando as crenças individuais.

Afinal, como disse o mentor Joseph Gleber, no livro “O Homem Sadio”:

“Saúde é a real conexão da criatura com o criador”

Referências em destaque Joseph Gleber – “O Homem Sadio – uma nova visão