sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Consciência de Cura: O Ser Protagonista


Resumo:   
Destaca o potencial do ser humano inteligente (inter = entre ; ilegere = eleger), que pode escolher a cura através da percepção (consciência) de que é causa e não efeito das doenças e que pode transformar o desafio da doença em ferramenta para seu refinamento.

Palavras-chave: cura, consciência, vida, doença.
“A natureza não faz nada de arbitrário.
Tanto a doença quanto a saúde têm suas causas,
e de todos os seres vivos
não há um cujo estado não seja o que deve ser”.
(Georges Canguilhem, séc.XX)

         O ser humano possui, em sua essência, um poder transformador. Criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis), herdou, do Criador, o talento para criar, renovar. A multiplicidade de habilidades, artes e talentos herdados do Criador, está refletida nas diversas formas de expressões artísticas que deleitam a todos nós, como também nas descobertas científicas que têm proporcionado a toda a humanidade enormes benefícios.
 O desejo de curar-se e de curar ao seu semelhante, é um dos atributos mais sublimes herdados pelo ser humano do seu Criador. A medicina busca levar alívio à diversas manifestações de desequilíbrio refletidas no homem, seja a nível físico, mental ou emocional. Porém, muitas vezes a expectativa de cura que o doente desenvolve em relação ao médico é frustrada e, é comum muitos médicos atribuírem a esse fracasso algo imponderável, ou seja, que está fora de sua capacidade de explicação. Por que será (perguntam), que uma medicação que produz efeitos satisfatórios em algumas pessoas, em outras, o resultado é frustrante?
 A “parte” do corpo que deveria ser curada com a medicação não responde satisfatoriamente ao tratamento ou ainda, apresenta uma “melhora” temporária e, reincide com os mesmos sintomas. A terapia tradicional (alopata), segue uma linha cartesiana onde a doença é tratada observando-se unicamente a parte (órgãos) que apresenta “defeito”, como se o corpo, o ser humano, fosse uma máquina cujas peças funcionam independentemente umas das outras.
 Há cada dia mais especialistas para as partes do corpo e, na medida em que o médico se dedica àquela parte que é sua “especialidade”, o ser humano é esquecido no seu todo. O bom e velho “médico da família”, excelente clínico, desapareceu quase totalmente. Digo quase, porque existe, felizmente, um grupo de médicos, homeopatas, que estão conseguindo resgatar a medicina holística, ou seja, que busca, através da anamnese, descobrir as causas que levaram o ser humano ao desequilíbrio de sua saúde, a falência de sua energia vital. “Em suma, pode-se dizer que, para o doente, a cura é o que a medicina lhe deve, ao passo que, para a maioria dos médicos, ainda hoje, a medicina deve ao doente o tratamento mais bem estudado, experimentado e testado até o momento”. (Canguilhem, 1978). Ou seja, não importa para essa maioria (médicos), a individualidade do ser humano, por que e como ele ficou doente.
 Filósofo e médico, Georges Canguilhem pergunta: “É possível uma pedagogia da cura?
 Nesse artigo, publicado em 1978, Canguilhem afirma: “Enquanto, segundo a ótica médica tradicional a cura era considerada como efeito de tratamento causal, cujo interesse era sancionar a validade do diagnóstico e da prescrição, portanto, o valor do médico, na ótica da psicanálise a cura se tornava o signo de uma capacidade encontrada, pelo paciente de acabar, êle próprio, com suas dificuldades”. Ou seja, o médico instruirá o paciente para que êle desperte em si a consciência de sua capacidade de curar-se. Canguilhem percebeu a doença como uma falência de conduta (“fracasso da conduta, se não uma conduta de fracasso”). O ser protagonista é convocado a “tomar as rédeas” da situação, isto é, buscar dentro de si as causas da doença e a terapia adequada para sua cura. A habilidade do médico/terapeuta levará o paciente a tomar consciência de que o “obstáculo” (doença) possui uma função que visa proporcionar-lhe refinamento através da “desconstrução” (vir a ser) que elimina um “estado de doença” para que uma “nova forma” possa surgir. Essa “nova forma” é o ser Protagonista, o ser resiliente, que se mantém firme, flexível e integrado e consegue recuperar-se prontamente de traumas, doenças e adversidades.
 Protagonista é aquele que decidiu interpretar a adversidade/doença como uma circunstância e um aprendizado da vida e escolheu a inteligência e a esperança em vez da autopiedade e do desespero.

... “O que aparece é um ser modificado em sua individualidade, que mesmo quando está apto a chegar aos mesmos desempenhos de que era capaz antes da doença, agora o faz percorrendo caminhos diferentes dos anteriores. A doença aparece assim, em um primeiro momento, como um imperativo de criação. Ou seja, “ao doente é exigido o estabelecimento de novas normas que permitam a continuidade da vida” (Canguilhem).
 O doente, o Ser Protagonista, torna-se inteligente (inter = entre ; ilegere = eleger, escolher), significa saber escolher entre várias opções. É a escolha pelo superação do desafio (doença). O ser é causa e não efeito, capaz de mudar, de transformar. Sabe que a cura está nêle e depende dêle. Ou ainda, quando não consegue transformar de imediato a situação, consegue utilizar a experiência como aprendizado e aperfeiçoamento pessoal. Essa é a forma de ver o mundo do Ser Protagonista; criar a partir da doença ou qualquer outro tipo de adversidade, condições que abrirão portas para oportunidades de desenvolvimento de qualidades e atribuitos que servirão, potencialmente, de alicerce e combustível de seus projetos.
Saúde é a maturidade emocional do indivíduo como pessoa” (Winnicott). Quando falamos de emoções, sabemos que controlar sentimentos e sua intensidade é uma tarefa difícil. Contudo, podemos decidir como canalizá-la, para que ela flua através de nós e não provoque estagnações que poderão prejudicar-nos (quando você “engole em seco” uma emoção ou raiva por exemplo) isso pode transformar-se em uma gastrite. Em vez de guardar esse ressentimento, você pode respirar e dar-se um tempo para refletir e descobrir como poderá gerenciar melhor essa raiva. Essa é a postura do ser protagonista que dá inteligência a suas sensações e a seus sentimentos, reconhecendo e expressando honestamente para si mesmo seus impulsos emocionais mesmo que a princípio eles não pareçam adequados nem convenientes.
 Canguilhem afirma que a medicina é uma técnica e não uma ciência, cujo objetivo é dar ao ser a responsabilidade de reconquista do seu equilíbrio, imitando desse modo, a natureza.
 Seria então função do médico orientar e despertar a consciência da cura. Essa consciência é que permite a reconquista do equilíbrio: “a cura é o reaparecimento de uma nova norma individual” (Canguilhem).
 A idéia de que a consciência afeta a realidade foi apresentada pela primeira vez pelo físico nuclear Werner Heisenberg, autor do princípio da incerteza. Êle e muitos cientistas que o sucederam acreditavam que o próprio processo de observar a realidade de fato transforma a realidade.
 Heisenberg argumentou por meio de complicadas equações matemáticas que a nossa observação, na verdade, nos capacita a criar novas realidades. Assim, como êle e seus colegas acreditavam, as partículas subatômicas só existem quando as observamos. É a nossa observação (consciência) que dá existência a essas partículas. Muitos têm dificuldade de aceitar essa hipótese, porém, a maioria dos físicos aceitam a argumentação de Heisenberg: “acho que há muito superamos o ponto da física de alta energia em que examinamos a estrutura de um universo passivo”(Robert G. Jahn, físico) ; “acho que estamos no domínio em que a interação da consciência no ambiente está acontecendo em escala tão fundamental que estamos, de fato, gerando realidade, em qualquer definição razoável do termo” (Janh, físico).
A consciência da autocapacitação já está sendo aplicada por médicos que acreditam no Ser Protagonista como o único capaz de realizar a cura em sua vida.
 Dr. Raphael Kelhman, clínico geral, formado pela Faculdade de Medicina Albert Einstein, N.Y. e pós-graduado no Beth Israel Hospital e no St. Johns Hospital, afirma: “Quando achamos que perdemos o controle, freqüentemente adoecemos; e quando nos sentimos capacitados a escolher por conta própria, é maior a probabilidade de melhorar”. Ou seja, quando nos tornamos participativos e nos tornamos comandantes do nosso próprio navio, é provável que nos curemos.
 Segundo inúmeros estudos médicos, um dos fatores fundamentais da saúde é a nossa sensação de controle ou autocapacitação. Simplesmente estressar-se ou adoecer, não basta para nos matar. O que realmente é letal, é a idéia de que não temos capacidade de enfrentar o desafio, de que só podemos deitar e “permitir” que qualquer acontecimento infeliz assuma o controle de nossa vida.
 Escolher, até a cor de um simples lençol, melhorava, segundo o Dr. Kelhman, a saúde das pessoas no hospital. Foram realizados estudos em empresas para avaliar o nível de saúde das pessoas e sua capacidade de superar as doenças: quase 3000 pessoas entre 55 e 85 anos de idade foram avaliadas e descobriu-se que aquelas que se sentiam no controle da própria vida tinham quase 60% menos riscos de qualquer tipo de morte, comparados aos que se sentiam relativamente inúteis.
Segundo o Dr. Kelhman, há ainda um outro elemento essencial que o Ser Protagonista deve desenvolver para realizar a cura: a compaixão.

“Um dia, depois de dominar os ventos, as ondas e a gravidade, vamos canalizar para Deus as energias do amor, e, então, pela segunda vez na história do mundo,
os seres humanos terão descoberto o fogo”.(Teilhard de Chardin)

         Estar ligado a outros seres humanos, sentir carinho pelo próximo e receber seu carinho em troca, isso é compaixão. Receber e compartilhar, deixar fluir, não reter, não acumular, não estagnar. É a dança do Universo. É a vida.
          Estudo feito em 1995, publicado no Study for the advancement Medicine, revelou que, quando pacientes sentem compaixão, seus níveis de SIGA (Imunoglobulina A Salivar), primeira linha de defesa do corpo contra vírus e outros agentes patogênicos, aumentam de maneira significativa: “quem se oferece para ajudar o próximo também melhora muito a própria saúde e sobrevivência”. (Dean Ornish, médico).
          Outro estudo realizado pela psicóloga Stephanie Brown, da Univ.de Michigan em 2002, com idosos, revelou que quando os mais idosos oferecem apoio social a amigos, parentes, vizinhos, reduzem em 60% o risco de morte prematura. Ou seja, “essas descobertas indicam que não é o que recebemos dos relacionamentos que tornam tão benéficos os contatos com os outros”, (Brown). “É o que damos”.

Vede que dispus perante vós a vida e a morte, por consequinte, escolhei a vida”. (Torá)
 Canguilhem pergunta: ... “Mas e a vida? A vida não é justamente evolução, variação de formas, invenção de comportamentos? (Canguilhem, 1978)
         É tudo isso. Mas é principalmente, ser capaz de curar além de nós mesmos, o mundo inteiro, é compreendermos que “tudo afeta tudo”, que o bater de asas de uma borboleta em Oklahoma, afeta o terremoto em Tóquio”. Essa é a consciência da Unidade, a consciência ecológica. “Eu estava adormecido, mas meu coração foi despertado ... É a voz do meu amado que bate dizendo: abra para Mim uma abertura menor que o buraco de uma agulha, que eu abrirei para ti os Portões Supremos. Abra para Mim. Se tu não abrires, ficarei fechado”(Zohar).
 
Consciência de Cura: O Ser Protagonista
Universidade Santa Úrsula
Instituto de Psicologia e Psicanálise
Disciplina: Autismo e Psicose infantil
Profº Gustavo Saboia de Andrade Reis
Trabalho apresentado pela aluna: Tereza Cristina de Souza Câmara
Rio de Janeiro Novembro 2005
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
 CANGUILHEM, Georges. (1992) O normal e o patológico. Rio de Janeiro : Forense Universitária.
______________________(1978) É possível uma pedagogia da cura? Texto recebido por e-mail
CARMELLO, Eduardo (2004). Supere! - a arte de lidar com as adversidades. São Paulo : Gente.
KELLMAN, Raphael (2004). O poder de cura da Cabala : descubra todo seu potencial de cura e energia, Rio de Janeiro : Elsevier.
SERPA JR., Octavio Dumont de. Indivíduo, organismo e doença : a atualidade de : O normal e o Patológico” de Georges Canguilhem. Texto recebido por e-mail


A Cura pela Consciência

A Cura pela Consciência

A Organização Mundial da Saúde define saúde como um estado de bem-estar emocional, mental, físico e social, não apenas como ausência de doença.

Cada vez mais surgem estudos a respeito dos processos de manter ou recuperar a saúde e o tema se estende por discussões em diversos segmentos da sociedade. Muitas vezes tratado como se houvesse varinha mágica, fazendo com que muitas pessoas desacreditem do novo paradigma, que apesar de algumas interferências fantasiosas, vem se solidificando.

Alguns aspectos podemos definir como desejáveis ou auxiliares para manter ou reaver um estado de harmonia do ser como um todo, sendo alguns deles:
- Intenção clara, crença (ou fé) depositada no remédio, médico, terapeuta, método, enfim, a crença de que se obterá o resultado desejado mesmo que as probabilidades indiquem o contrário.
- Visualizações - exercem grande influência sobre o corpo. É comprovado que o corpo reage como se realmente aquilo estivesse acontecendo. Muitas pessoas conseguem o efeito desejado. Muitas, não. Por quê?
- Consenso entre todas as “tribos”: um ambiente amoroso promove o bem-estar para manter a saúde e favorece a cura.
- O perdão (no sentido de libertação, transcendência) é um dos mais poderosos remédios, também todos concordam. Fundamentais também, são a compreensão, tolerância para consigo mesmo; o desamor a si mesmo leva à auto-destruição.
- Mudança de postura mental – a maneira como escolhemos reagir frente aos fatos nos causa problemas, não somente o fato em si. Sendo assim, a mudança que damos ao significado dos fatos podem promover a superação da crise.
- Avaliação constante do nosso sistema de crenças – vamos passando pela vida e reproduzindo padrões sócio-culturais e familiares sem questionamento algum. Ao identificarmos esses padrões que não nos servem mais e promovermos o rearranjo dos conceitos e condicionamentos antigos podemos dar um rumo mais saudável e harmonioso à vida.
- Auxílio de terapias holísticas – é muito difícil conseguirmos olhar para nós mesmos e percebermos o que está causando as desarmonias e onde estamos falhando conosco. Um terapeuta capacitado, com a terapia adequada a cada situação e pessoa, pode auxiliar nesse processo proporcionando as chaves para que sejam abertos os registros inconscientes que estão causando o desconforto ou doença, auxiliando na reelaboração disso tudo.
Enfim, uma crença, um pensamento, uma emoção e, principalmente, uma atitude inovadora, desencadeiam um processo de cura, tendo por intermediário a consciência. Esse salto quântico de criatividade para além do raciocínio lógico, isto é, para a compreensão de que existem infinitas possibilidades e nossa consciência tem influência sobre elas, é que torna possível a manifestação do resultado desejável.
 Denise Schinetzky
FONTE: http://www.portalquantico.com.br/submenu/15/enfoque-quantico